Informe nº1039: Indígenas Munduruku denunciam violência da Polícia Federal contra comunidade
Conforme informações repassadas por indígenas do Posto Indígena Teles Pires diretamente para os indígenas parentes, na sede do município de Jacareacanga, ocorreu na aldeia Teles Pires intervenção de agentes da Polícia Federal, para dar cumprimento a Operação denominada Eldorado, que visa conter e paralisar a atividade garimpeira na região.
Uma equipe composta por dezenas de policiais chegaram à aldeia por volta das oito horas do dia 7 de novembro, fortemente armada, conduzida por um grande aparato de transporte que consistia
Pelo lado dos policiais registra-se a informação de um delegado, não confirmada pelos indígenas, que foram atingidos quatro policiais com flechadas, entretanto não ocorreu vítimas fatais, os feridos foram deslocados para a cidade de Alta Floresta.
A invasão na aldeia provocou confusão entre os índios que não sabiam da operação e nunca tinham visto tanto aparato de guerra, com o helicóptero da PF jogando às proximidades da aldeia bombas provavelmente de efeito moral e muitos tiros o que ocasionou pânico entre os indígenas, com muitos idosos na correria ou em fuga, e ainda crianças desesperadas diante da violência que foram alvos.
Foi confirmado a morte de um indígena, Adenilson Kirixi Munduruku, morto a tiro pelo delegado da Polícia Federal, segundo outro indígena que estava perto dele, os policiais não quiseram conversar com ninguém, o delegado acertou e deu vários tiros no peito do indígena, mesmo ele sem defesa, atirou até dentro da água.
A aldeia está sitiada pela PF, que controla a comunicação via rádio não deixando os indígenas se comunicarem. Essas informações foram repassadas por dois indígenas que fugiram do cerco chegando até uma aldeia próxima para se comunicarem com parentes em Jacareacanga.
A aldeia está completamente sitiada pelos agentes que para evitar a fuga dos indígenas colocaram minas em vários pontos da aldeia impedindo de saírem para suas roças ou fugirem do local conflitado.
Mesmo diante da intervenção, os indígenas não sabem a razão desse trabalho, pois ninguém ainda esclareceu para os mesmos a motivação da operação. Ao se falar sobre garimpagem, a aldeia não abriga garimpos bem como nenhuma atividade de garimpagem.
Devido à confusão, há crianças desaparecidas na mata, ocorrendo também explosões de equipamentos como maquinários da comunidade entre esses motores de popa que serve unicamente para transporte dos indígenas, voadeiras, rádios, e para espanto geral a pista de pouso foi dinamitada impedindo o uso para retiradas de emergências de indígenas enfermos.
A intervenção remonta aos tempos da ditadura onde pessoas foram constrangidas moral e fisicamente, com idosos sendo empurrados, mulheres indígenas chamadas de vagabundas e prostitutas.
Jacareacanga, 07 de Novembro de 2012