Informe nº 1.020: Ministro Gilberto Carvalho admite ausência de consulta, mas que obra da UHE Belo Monte seguirá
Por Renato Santana,
do Rio de Janeiro*
A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, Pará, seguirá apesar das comunidades tradicionais afetadas pelo empreendimento não terem sido consultadas.
Durante audiência na Rio+
Conforme lideranças indígenas presentes no encontro, firmado depois do movimento indígena ter tentado entrar durante esta quarta-feira, 20, no Riocentro, zona oeste do Rio de Janeiro e palco da Rio+20, o ministro disse ainda que o Governo Federal trabalhará para o cumprimento da reparação dos impactos gerados por Belo Monte às comunidades.
A paralisação das obras da usina está entre as principais reivindicações levadas pelos indígenas a Carvalho. Demarcação e homologação de terras, melhorias na área da saúde, fim dos grandes empreendimentos nos territórios de ocupação tradicional, violência contra comunidades e contra a mineração em terras indígenas estão entre os principais problemas enfrentados no dia a dia dos povos indígenas.
Porém, a posição do ministro não agradou os indígenas – apesar da sinalização de um encontro com a presidenta Dilma Rousseff para o próximo mês de agosto. Algumas lideranças se retiraram durante a fala de Carvalho sobre Belo Monte. Todavia a afirmação dos indígenas é de que seguirão lutando contra a UHE Belo Monte e qualquer outro grande empreendimento.
“Você tem que me respeitar. Podia ser meu filho. Precisa ouvir mais os índios. Vocês não querem ouvir e por isso temos tantos problemas”, disse cacique Raoni Kayapó ao interromper o ministro durante conversa sobre Belo Monte.
Estiveram presentes no encontro a presidente da Funai, Marta Azevedo, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e Paulo Maldos, secretário Nacional de Articulação Social. Todos se comprometeram em entregar aos chefes de Estado o documento final do Acampamento Terra Livre, que aconteceu na Cúpula dos Povos, encerrado nesta quinta-feira, 21.
Marãiwatsédé
O povo Xavante de Marãiwatsédé, do Mato Grosso, também esteve representado na Rio+20 para pedir a retirada imediata dos invasores da terra indígena. Há 20 anos, na Eco 92, os Xavante conseguiram que a petrolífera italiana Agip devolvesse ao povo o território que dos indígenas foi tomado em 1966 pelo governo militar.
No entanto, ao tomarem contato com a decisão, políticos e grileiros promoveram uma grande invasão ao território e as ocupações, consideradas de má fé, lá estão até os dias de hoje aumentando a maior área de desmatamento e depredação ambiental do país.
O cacique Damião Paradzané levou ao governo federal uma petição para que os invasores sejam retirados de forma imediata. Leia e assine a petição no link: http://www.change.org/petitions/presidente-dilma-garanta-a-devlou%C3%A7%C3%A3o-de-mar%C3%A3iwats%C3%A9d%C3%A9-aos-xavante?utm_source=action_alert&utm_medium=email&utm_campaign=6769&alert_id=WswTInmrNE_FmZDlZFMJb
*Com informações da jornalista Andreia Fanzeres da Operação Amazônia Nativa (Opan)