18/06/2012

O grito indígena na Cúpula dos Povos

Ao intercalarem rituais e clamores, em centenas de tons, línguas e cores, os povos indígenas estão indignadamente fazendo seus desabafos, conclamando para a união, para a luta comum contra esse sistema que lhes decretou a morte e travestiu de verde a destruição. São em torno de mil e trezentos indígenas de mais de cem povos do Brasil e das Américas, presentes na mobilização, conclamação, debate e grito nativo no espaço do Acampamento Terra Livre, na Cúpula dos Povos.

 

Essa diversidade, raiz e futuro do continente, se manifesta de maneira contundente. Não aguentam mais o avanço dos projetos de morte e saque de seus territórios, sob o discurso verde da sustentabilidade e preservação. Querem dizer isso ao mundo. Que os ensurdecidos e insensíveis chefes de Estado e governantes sejam atingidos pelas flechas de futuro, que exige imediata e radical mudança nos rumos dos projetos de desenvolvimento e a devolução e garantia dos territórios dos povos indígenas e o reconhecimento de sua autonomia e seus projetos de vida.

 

Confiam na força da união dos povos indígenas do mundo em aliança com todos os setores da sociedade que lutam contra o devastador sistema capitalista global, para interromperem o caminho de morte, que ameaça a vida todos os seres vivos e do próprio Planeta. Denunciaram o assassinato de dezenas de lideranças indígenas e a total impunidade em que permanecem esses crimes.

 

Estão cansados de denunciar a violação constante dos seus direitos. Porém, não se cansam de anunciar seus projetos de Bem Viver como contribuição e alternativa aos projetos do grande capital global, que tem a serviço de seus interesses os Estados nacionais e o sistema financeiro mundial.

 

Ao inferno Belo Monte

 

Entre as inúmeras denúncias foi ressaltado, por diversos povos e lideranças indígenas, a situação e conseqüências calamitosas do mega-projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte. Raoni e Megaron deixaram claro sua posição e dos povos indígenas contra essa monstruosa obra que irá impactar mortalmente vários povos indígenas, populações ribeirinhas, com um rastro de destruição.

 

Está sendo unânime o rechaço dos povos indígenas a todo tipo de desenvolvimento baseado nessas grandes obras a serviço do grande capital e contra os direitos e vida dos povos originários deste continente. O grito é pela vida dos Povos e a Mãe Terra.

 

Egon Heck

Cimi 40 anos – Rio de Janeiro 17 de junho de 2012

Fotos: Egon Heck/Cimi

 

Fonte: Egon Heck/Cimi
Share this:
Tags: