31/05/2012

Índios se impõem contra a falta de ética do órgão responsável sobre saúde indígena no país

Lucas Cabaña,

de Brasília (DF)

 

Após terem a confirmação do Ministério da Saúde em relação ao atendimento da Secretaria Especial de Saúde indígena (SESAI), os indígenas que ocuparam o 4º andar do Ministério da Saúde, nesta terça-feira (29), em Brasília, pretendem dar continuidade na ocupação dos órgãos públicos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

 

Após a publicação contraditória da nota enviada à imprensa pelo órgão, os indígenas da região Sul, ainda se encontram em situação de risco para as suas comunidades e esperam uma resposta ética da SESAI sobre as informações errôneas divulgadas pela entidade na tarde de ontem.

 

“Eles vão colocar a versão política deles para se manter no poder.  Eles usam os próprios parentes para se afirmar. Uma manipulação com os indígenas e com a política”, afirma a liderança da região Sul, Pedro Kaingang. Embora o órgão indigenista tenha afirmado para imprensa alguns encaminhamentos sobre as 19 reivindicações levantadas pelo grupo, a situação real dos povos, discondiz sobre a realidade enfrentada diariamente pelas famílias e na nota divulgada.

 

Segundo a carta de retratação enviada à imprensa, a SESAI informa que houve a manifestação do povo Xocleng, embora a etnia não estivesse presente, que a participação do povo Guarani não existiu, por mais que haja cinco representantes da etnia no estado e ainda afirmam que existem contratos da região sul sobre as condições dos povos sendo que esta afirmação contraditória não condiz com a situação. E por mais a entidade em se posicione de forma positiva para a mídia, de fato, o órgão se mostrou contrário a realidade. 

 

Diante disso, os grupos que mantém os órgãos da SESAI fechados na região sul pretendem liberar as unidades após uma posição afirmativa do Ministério da Saúde para as famílias indígenas e depois de uma retratação para a imprensa. Para o Coordenador Político da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul, Cretã Kaingang, esta situação deve ser analisada para que não consolide um paralelo entre os povos indígenas. “Eles não podem agir dessa forma para colocar índio contra índio”.

 

Para Claudemir Kaingang, se a SESAI mente pra se auto-afirmar quem sofre é o povo indígena, porque parte para todo o Brasil e as comunidades não conseguem reivindicar seus direitos. “Se as pessoas sofrem na base a gente tem que se organizar através do controle social, para mostrar uma realidade que não existe para o nosso povo. É uma luta do povo indígena, a etnia que se manifesta é para todos os povos. É um direito universal para a saúde”, afirma.

 

Evolução

 

Durante a tarde de ontem, os indígenas das etnias, Kaingang, Guarani e Charrua se encontraram com a Presidente e Antropóloga da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) Marta Maria do Amaral Azevedo para pontuar estas e outras questões pertinentes sobre a realidade indígena. Embora a posição da atual gestão tenha sido positiva, o dia de hoje será uma reflexão sobre a maneira que o Governo Federal tem atuado sobre a questão indígena. A partir das 12h, os mais de 80 indígenas pretendem bloquear a principal rua de acesso do Ministério da Justiça em reivindicação às melhorias das comunidades da região Sul.

 

 

As comunidades da região Sul estão aflitas a uma resposta sobre as condições que podem beneficiar todos os povos do Brasil. Desde sexta-feira (25) passada as lideranças e caciques deixaram seus parentes para reivindicar essas melhorias. Durante o dia de hoje, a expectativa será em torno de toda esta situação.

 

Fonte: Arpin Sul - Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul
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