18/05/2012

Indígenas mantêm ocupação à sede da Funai no Acre sob ameaça de reintegração de posse

Por Renato Santana,

de Brasília

 

A sina dos povos indígenas do Acre parece, nos últimos tempos, a de viver em permanente situação de mobilização. Pela terceira vez este ano ocuparam a sede regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Rio Branco, e correm o risco de serem retirados de forma violenta por solicitação da própria Funai.

 

Um pedido de reintegração de posse foi encaminhado pelo órgão para a Justiça Federal e a qualquer momento a Polícia Federal poderá cumprir a decisão do juiz. Os indígenas ocupam o prédio da Funai desde terça-feira, 15, e afirmam que só saem à força.  

Conforme Ninawá Huni Kuĩ, eles exigem que a presidenta do órgão, Marta Azevedo, cumpra com o prometido e encaminhe as reivindicações feitas pelos indígenas em Brasília, no início deste mês. Na ocasião, os indígenas ocuparam o prédio da Funai, na Capital Federal, para conseguir uma audiência com a presidenta do órgão.

 

“Ela pediu um voto de confiança para nós e disse que até o dia 10 de maio daria uma resposta. Não cumpriu com a palavra e por isso fizemos a reocupação. Daqui não saímos enquanto Marta Azevedo não nos atender. Tem a reintegração e o que acontecer será de responsabilidade dela”, diz Ninawá Huni Kuĩ.

 

Os povos presentes na sede regional da Funai são os Jaminawa, Ashaninka, Huni Kuĩ, Madja, Nawá, Manchineri e Apolima Arara. De acordo com Ninawá, o movimento pede a saída da coordenação regional da Funai. “Entregamos para Marta um dossiê completo, com reportagens de jornais que denunciam esquemas de corrupção e uso indevido do patrimônio público. Não reconhecemos essa coordenação”, diz Ninawá.

 

Reunião tensa  

 

Na última semana, a Funai de Brasília pediu para a coordenação regional se reunir com os indígenas. O encontro foi tenso e conforme as lideranças indígenas denunciaram, representantes de Marta, entre eles Francisco Pianko, assessor da presidenta, os atacaram dizendo que não eram lideranças e que se voltassem a ocupar a sede do órgão seriam retirados pela polícia.

 

“Ao invés de ajudar os índios eles mandam a polícia. Por que a Funai não manda a Polícia Federal para as terras onde existem invasões de fazendeiros? Não sairemos da sede da Funai caso a coordenação não seja desconstituída e as demais reivindicações atendidas”, destaca Ninawá.

 

Para os indígenas, se for para viver “sob violência e à míngua” nas aldeias eles preferem “morrer na luta”. A situação mobilizou o procurador da República em Rio Branco, Ricardo Braga. “Não houve intimação da decisão sobre a reintegração, mas sabemos que a Funai fez um pedido nesse sentido. Quando tomarmos ciência da decisão decidiremos que providências tomar”, pondera o procurador.

 

De acordo com Braga, porém, o que se espera é uma solução pacífica, mas para ele os problemas que afetam os indígenas são de fundo, ou seja, envolvem saúde, terras e educação. Caso tais questões não sejam encaminhadas a situação de conflito – ocupação do prédio da Funai – será permanente.

Fonte: Assessoria de Comunicação - Cimi
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