15/05/2012

Lideranças Indígenas fecham órgão do Ministério da Saúde em Tocantins

Indígenas no momento da ocupação do Dsei em Palmas. Foto: Equipe Cimi GO/TOCerca de 150 indígenas ocuparam o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) em Palmas, Tocantins. O protesto é para reivindicar medidas anunciadas em outubro do ano passado por Antônio Alves, da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão do Ministério da Saúde, e nunca implementadas.

 

Em nota pública, as lideranças explicam a ação:  

 

Nós, povos indígenas do Tocantins, ouvimos as mentiras da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ditas no dia 20 de outubro de 2011 pelo secretário Antônio Alves de Souza, no auditório do Conselho Nacional de Saúde (CNS), em Brasília. Ele falou que nossa saúde iria melhorar em poucos dias. Até hoje nada melhorou. Ao contrário, de lá para cá o que era ruim piorou muito mais.

 

O secretário prometeu que em oito dias enviaria uma equipe para averiguar as denúncias feitas por nós e até hoje nunca apareceu ninguém por aqui enviado por ele. As nossas comunidades estão sofrendo muito pela precariedade no atendimento à saúde em nossas  aldeias. Não há equipe multidisciplinar funcionando em nenhum povo indígena aqui do Tocantins. Foi uma luta grande do movimento indígena para criar a Sesai, na perspectiva de atender as comunidades, mas o atendimento à saúde indígena se tornou  um caos.

 

A Casa de Apoio, situada em Goiatins, onde são atendidos os doentes do povo Krahô, é deprimente. Os pacientes ficam todos deitados no  chão, em colchonetes sem lençóis; nos sanitários usados pelos pacientes a descarga é feita com baldes de água que são despejados pelos próprios doentes ou seus acompanhantes. O povo Krahô é tratado de forma indigna, desrespeitosa e desumana.

 

Neste último mês, o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI/TO), por intermédio de seus servidores lotados em Tocantinópolis, vem ameaçando os pacientes indígenas e seus acompanhantes; dizem que vão chamar a polícia se eles insistirem pelo atendimento.

  

Pelos motivos expostos acima, exigimos que o ministro da Saúde Alexandre Padilha retire de imediato Evanezilia Ferreira Noleto da chefia do DSEI/TO. Ela não tem nenhuma sensibilidade com a questão indígena, de humanização – requisito preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – esta senhora sequer ouviu falar. A nossa saúde não pode ficar à mercê de partidos políticos que indicam pessoas sem pensar nas consequências que tais indicações trarão para os povos indígenas.

 

Por isso, fechamos o DSEI e queremos a presença do Dr. Antônio Alves de Souza para afastar do cargo pessoas que não estão preparadas para trabalhar com os povos indígenas, ver o tratamento que  estamos recebendo da Secretaria Especial de Saúde Indígena e fazer funcionar o atendimento à saúde.

 

Tocantins, 15 de maio de 2012

 

Lideranças Indígenas do Tocantins

 

Fonte: Cimi Regional Tocantins
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