CNBB convoca população a refletir sobre a realidade da saúde pública no Brasil
A partir desta quarta-feira, 22, as mais de dez mil paróquias do Brasil começam a refletir sobre a realidade da saúde no Brasil por meio da Campanha da Fraternidade (CF), cujo tema é “Fraternidade e Saúde Pública” e o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fez a abertura oficial da Campanha, em sua sede, em Brasília, com a presença do ministro da saúde, Alexandre Padilha, convocando toda a sociedade brasileira a debater o tema.
O Texto-Base da CF, principal documento da Campanha, faz uma leitura do “panorama atual da saúde no Brasil” (parágrafos
O texto aponta, ainda, as grandes preocupações da Igreja com relação à saúde pública (parágrafos
Com dados do Ministério da Saúde, o Texto-Base lembra que as doenças não transmissíveis foram responsáveis, em 2007, por 67,3% de óbitos no Brasil e representaram cerca de 75% de gastos com a saúde.
A Campanha chama atenção também para o financiamento da saúde pública classificado como “problemático” e “insuficiente”. O texto critica tanto a disputa por recursos que o Sistema Único de Saúde (SUS) precisa fazer com “outros ramos da seguridade social” como Assistência Social e Previdência Social quanto a não aplicação de verbas na saúde pelos governantes. “É preocupante o não cumprimento sistemático, por muitos governantes, do mínimo de investimento em saúde pública”, ressalta o texto.
A CF compara os gastos da saúde no Brasil com alguns países em que 70% dos gastos com saúde são cobertos pelo governo e 30% pelas famílias. Já no Brasil, em 2009, o governo foi o responsável por 47% (R$ 127 bi) dos recursos aplicados na saúde, enquanto as famílias gastaram 53% (R$ 143 bi).
O Texto-Base reconhece os avanços do SUS, mas não deixa de indicar seus limites. “Melhorar o atendimento no sistema público de saúde brasileiro e diminuir as reclamações em relação ao desrespeito e à dignidade humana, frente à vulnerabilidade do sofrimento e da doença é um grande desafio a ser enfrentado pelas autoridades sanitárias brasileiras”, diz o texto em seu parágrafo 139. Além disso, é enumerada uma série de outros desafios a serem enfrentados pelo SUS em relação ao acesso, gestão, financiamento e fatores externos.
Outra preocupação da CNBB é com a humanização do atendimento no sistema público de saúde. “O incremento tecnológico não deve substituir a relação humana nem desumanizar o atendimento à saúde”, adverte. “É o momento de um basta à atuação de profissionais ‘mecânicos e insensíveis’. Há clamor, especialmente dos mais pobres, por profissionais ‘mais humanos e sensíveis’. O ser humano é muito mais que materialidade biológica”, sublinha o parágrafo 144 do Texto-Base.
A CNBB não deixa de mencionar também as ações que a própria Igreja tem feito na área da saúde (parágrafos
A última parte do texto da Campanha, após passar por uma análise bíblico-teológica do tema, se dedica a indicar ações concretas a serem assumidas pela sociedade e pelas comunidades (parágrafos
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