14/10/2011

O garimpo volta a ameaçar o povo Yanomami

Os índios Yanomami através de sua associação Hutukara e o Conselho Indígena de Roraima denunciam com veemência, há algum tempo a invasão garimpeira, afirmando que ela está crescendo dentro do território indígena, sem que os órgãos públicos resolvam o problema. De acordo com os indígenas os garimpeiros dentro da terra Yanomami já chegam em torno de 1.500 pessoas. A reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, do dia 08 de outubro de 2011, denuncia com imagens irrefutáveis a atividade garimpeira no interior da terra indígena e a facilidade com que os locais do garimpo podem ser acessados, nas proximidades das aldeias indígenas. Mesmo assim, apesar das autoridades estarem amplamente informadas e sabedoras das conseqüências trágicas do garimpo para os indígenas e para o meio ambiente, nenhuma ação mais contundente e definitiva foi tomada até agora.

 

O mais assustador é a constatação de que a invasão garimpeira se dá nos mesmos moldes daquela invasão ocorrida, em massa, no final da década de 1980 e início de 1990 que vitimou através de armas de fogo e de epidemias aproximadamente 2.000 Yanomami. Naquela época também todos sabiam da invasão garimpeira, e algo só foi feito lamentavelmente, depois dos Yanomami chorarem suas mortes, de muita pressão popular no contexto da Eco 92 e dos números (de mortos) serem estampados nos jornais do mundo inteiro.

 

Não é difícil imaginar que para resolver o problema é preciso retirar os garimpeiros da área e desmantelar o esquema que financia o garimpo ilegal dentro da terra indígena, identificando inclusive, os motivos da omissão dos órgãos competentes na região.  Saber por que os vôos clandestinos que abastecem o garimpo continuam a operar apesar de toda capacidade tecnológica do Sivam, de que hoje o governo dispõe para identificá-los, e por que não são fiscalizadas as lojas que comercializam abertamente, em Boa Vista, o ouro proveniente da terra Yanomami.

 

O futuro do povo Yanomami, outra vez está ameaçado devido à omissão do Estado. O governo é rápido nas decisões para implantar grandes obras na Amazônia que destroem o meio ambiente, inviabilizam a permanência dos povos e comunidades habitantes tradicionais nas regiões afetadas e beneficiam uns poucos. No entanto, quando se trata de cumprir com o seu papel de cuidar do povo, de fazer respeitar seus direitos, ele está ausente ou então se move a contragosto, a passos de tartaruga.

 

As medidas para coibir a invasão garimpeira na terra indígena, são urgentes e inadiáveis, para evitar a violência de 20 anos atrás praticada contra o povo Yanomami, e para que não seja necessário transformar a Rio + 20, a exemplo da Eco 92 num espaço para denunciar mais uma tragédia humana.

 

Manaus, AM, 13 de outubro de 2011.

 

Cimi Regional Norte I

 

Fonte: Cimi Regional Norte I
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