Coletiva de Imprensa denuncia violência contra povo Awá-Guajá
Situações de violência e o clima de tensão instalado na Terra Indígena Caru – área de 170 mil hectares onde vivem 300 indígenas da etnia Awá-Guajá – estão na pauta da entrevista coletiva que aconteceu ontem (20) na sede do Ministério Público Federal (MPF),
Organizada pela Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e Cáritas Brasileira, líderes indígenas presentes na coletiva relataram as truculências das quais estão sendo vítimas.
Recentemente, após ação conjunta do Ibama, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, os Awá-Guajá tiveram sua aldeia invadida e a base do Cimi no local foi praticamente destruída, com um saldo de documentos e arquivos destruídos. A casa só não foi completamente destruída por conta dos próprios indígenas, que impediram a continuação do atentado.
O ataque foi retaliação por conta da prisão de dois “mateiros” (indivíduos que marcam as árvores para a derrubada) pela operação da Frente de Proteção Etnoambiental Awá-Guajá, recentemente criada pela Fundação Nacional do Índio (Funai). A retaliação dos madeireiros envolveu também violência contra o indígena Kamayru Awá, que até o momento não teve atendimento nem registrou boletim de ocorrência.
Os Awá-Guajá
São alguns dos últimos povos de caçadores-coletores do Brasil, ameaçados de extinção. Cercados por latifúndios, criadores de gado, madeireiros e posseiros, os moradores das florestas da pré-Amazónia oriental, no Maranhão, vêm sendo encurralados nas suas próprias terras. Pistoleiros contratados por fazendeiros e madeireiros “caçam” qualquer índio que se lhes atravesse no caminho.
Em português, a frase Naxatarihi areka’a mama ta do povo Awá-Guajá significa “Não queremos ver a destruição de nossa floresta” e resume os anseios dos indígenas que vivem da caça e da coleta.