15/09/2011

Pastoral da Criança Indígena se reúne em Mato Grosso

Cimi Regional Mato Grosso

 

Estiveram presentes em Cáceres, Mato Grosso (MT), na chácara Santa Rosa, entre os dias 28 e 31 do último mês, 13 povos indígenas do Brasil e da Bolívia, para o encontro da Pastoral da Criança Indígena. Na apresentação, 38 representantes indígenas compartilharam suas expectativas e mostraram a vontade levar todo o aprendizado para as aldeias.

 

A irmã Ada mostrou as origens da Pastoral da Criança na luta por uma terra sem males. Jesus veio à terra com uma missão: que todas as crianças tenham vida em abundância. Por isso, o cuidar das mães e das famílias. Chegaram dom Vilar e dom Gentil (responsável pela Pastoral da Criança no Regional MT) e todos os indígenas foram cumprimentá-los. Ao final, contaram como foi bom apoiar a Pastoral da Criança Indígena.

 

Dom Vilar deu as boas vindas aos povos indígenas e se comprometeu a buscar uma vida digna para todos os indígenas. Dom Gentil diz que o trabalho junto a Pastoral da Criança Indígena é o mais especial dentro da sua assessoria e parabenizou a todos pelo trabalho que realizam.

 

Ele fala que o Reino de Deus está em luta contra o projeto capitalista que quer a cabeça de João Batista e das crianças indígenas. Isso acontece todas as vezes que se invadem as terras indígenas e se roubam as riquezas que Deus colocou nestas terras. "Jesus Cristo veio com uma missão na terra: construir o Reino de Deus", disse Gentil.

 

A Igreja e a Pastoral da Criança estão a serviço do Reino de Deus aqui na terra para um dia chegarmos todos aos céus! Dom Gentil trouxe de presente uma planta para a Pastoral da Criança (folha santa) que cresce mesmo se arrancada da terra. Tal qual os Chiquitanos: continuam a viver mesmo que expulsos de seu território tradicional.

 

Dom Gentil ainda reforçou a missão de cada líder da Pastoral da Criança de “levar a força de Deus e a vida plena para cada criança com as quais vocês trabalham. Vocês também são Igreja fazendo este trabalho lindo, vida plena entre os membros de suas comunidades”.

 

Irmã Lurdes trabalhou em sua fala a palavra pastoral – vinda dos dizeres de Jesus: “Eu sou o Bom Pastor que vai atrás da ovelha perdida”. A ovelha é como qualquer animal de estimação que recebe nome e acaba fazendo parte da família. Por isso, a pastoral vai atrás dos fracos, dos doentes, dos pobres para contribuir em favor das crianças. Todos da Pastoral da Criança receberam a missão de serem pastores. Como os pajés, os bispos, os padres, os líderes das comunidades.

 

A leitura indígena

 

Pajé Lourenço Ramos Rupe, do Portal do Encantado, explicou como recebeu o mandato de São João Batista para curar as crianças. Edgar Rikbaktsa consultou o Dono da Roça para saber como fazer o bem para outras comunidades e, como resposta, ouviu que tem que ter partilha de chicha, oração para que nada de ruim aconteça na derrubada, e assim tudo dá certo! Dentro da visão cosmológica, entra a relação com as pessoas que já se foram. A colaboração do pajé torna-se essencial. Também os novos precisam auxiliar com caçada, pescaria, alimentação adequada para um mutirão.

 

Eurípia falou sobre a soberania alimentar e da preocupação com a qualidade dos alimentos. O caminho das sementes crioulas tem sua origem nas aldeias e passa de mão em mão. A semente pode ser doada para que todos a tenham e plantem para sustentar o nosso país.

 

Em seguida, o coordenador regional do Conselho Indiginista Missionário (CIMI) no MT, Gilberto dos Santos, falou sobre os agrotóxicos. De acordo com ele, a soja foi mudada geneticamente para suportar mais veneno que as outras plantas e os passarinhos. Os indígenas são alijados das discussões e sofrem as consequências do uso de veneno – assim como toda sociedade envolvente. No entanto, qualquer pessoa pode fazer uma denúncia ao Ministério Público Federal e fazer a sua reclamação porque são os fiscais da lei.

 

As indígenas Maria Neusa Rodrigues e Bakairi de Santa Ana falaram sobre o alimento nas aldeias. “Nós estamos nos sentindo fracos porque a gente já pegou o costume e os alimentos dos brancos. Não comemos mais como nossos pais e nossos avós. Já não bebemos mais a chicha com nossos antepassados”, disse Maria.

 

“Nós temos grande preocupação com nossos filhos e gestantes, que não têm atendimento adequado pelos responsáveies pela nossa saúde – Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em transição para a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e Fundação Nacional do Índio (Funai). Nossos filhos estão morrendo de desnutrição e por falta de atenção a saúde. Estamos  nos organizando para trabalhar com nosso povos para não aumentar os altos números de mortalidade dentro das nossas comunidades”, explicou Inata Tapi Kaiabi, da aldeia Sobradinho.

 

Missa solene concluiu o encontro. O regresso foi em grande felicidade, pois todos partilharam os frutos da terra, os conhecimentos, as orações. Todos receberam a benção de dom Vilar.

 

 

 

 

 

 

Fonte: Cimi Regional MT
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