Reivindicada desde 2005, Funai começa trabalho de demarcação no RN
Luiz Fernando Yamashiro*
De Natal (RN)
No mapa das terras indígenas do Brasil, o Rio Grande do Norte não existe. Último do país a reconhecer oficialmente a presença de índios em seu território, o Estado abriga seis comunidades já identificadas, onde vivem cerca de 5 mil pessoas, mas nenhuma delas está em área demarcada.
Naquele que pode ser o primeiro passo para reverter esse quadro, a Fundação Nacional do Índio (Funai) instalou em junho uma Coordenação Técnica na capital potiguar, Natal. A presença do órgão na região era reivindicada desde 2005 pelo Grupo Paraupaba, que vem centralizando as demandas dos povos indígenas. Foi numa reunião organizada pelo grupo nesta semana que Funai e representantes das comunidades travaram o primeiro contato.
Martinho de Andrade Júnior, chefe da Cordenação Técnica Local (CTL), disse que a nova estrutura traz a possibilidade de um diálogo mais ágil entre indígenas e Governo, mas alertou que o andamento dos processos de homologação das terras "vai depender muito da organização e da coesão dos povos".
Antes de iniciar qualquer processo de regularização fundiária, Andrade terá um longo itinerário pelas comunidades do RN. A mais numerosa é formada pelos Mendonça do Amarelão, situada no Município de João Câmara (a
Apesar do engajamento, o Grupo Paraupaba ainda esbarra na falta de informações detalhadas sobre algumas dessas áreas. A antropóloga Jussara Galhardo, coordenadora dos encontros, explica que essa dificuldade é fruto do histórico de discriminação enfrentado pelos índios no Rio Grande do Norte, que os levou a ocultar sua origem. Só a partir do Censo IBGE de 2000 é que os Potiguara passaram a declarar-se como indígenas.
Para o coordenador da Social Advocacia Popular, Luciano Falcão, o atraso potiguar nas questões indígenas se deve a um "massacre educacional" imposto pela oligarquia do Estado, que tirou dos povos originários seus direitos básicos. "Esse massacre ocorreu
*Jornalista colaborador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Rio Grande do Norte.