Morre mais uma vítima da precariedade da saúde pública do país
Clóvis tinha 62 anos e era um grande sábio e referência para a comunidade Itârap, povo Arara, de Rondônia
Povo Arara de Rondônia chora e se indigna com a morte de um de seus velhos,sábio, o senhor Clóvis Arara, de 62 anos. Ele morreu nesta quinta-feira, 14, em decorrência de um câncer de próstata, no Hospital de Base de Porto Velho.
Há aproximadamente um ano e meio, Clóvis se queixava de fortes dores na região da barriga, apresentando dificuldades de urinar e muito cansaço. Por diversas vezes foi encaminhado à Casai de Ji-Paraná, sem que a família fosse sequer informada de seu real estado de saúde. Durante essas visitas à Casai o indígena sequer era submetido a exames investigativos, apenas lhe davam medicamentos paliativos e o encaminhavam novamente para casa. Somente há dois meses veio o diagnóstico, Clóvis tinha câncer de próstata.
Mesmo com a saúde bastante delibitada, ele permaneceu por vários dias internado na Casai de Porto Velho, onde dormia sentado em uma cadeira. Situação que motivou a comunidade, no último dia
Clóvis é uma vitima da atual estrutura de atendimento à saúde do país, principalmente a relacionada à saúde indígena. Quantas vidas mais precisam ser arrancadas? Quantas lágrimas ainda precisam ser derramadas? Quantos gritos ainda precisarão ecoar para mudar esse sistema caótico e comprovadamente falido que tem gerado tantas mortes e dores?
Para o povo Arara, a morte de Clóvis é uma perda muito grande, pois ele era um grande conhecedor da cultura do povo, sempre incentivando os jovens a conhecerem e valorizarem suas tradições, sendo uma referência para toda a comunidade.
O corpo de Clóvis está sendo velado, desde a tarde de hoje (15), na aldeia Itârap.
O Cimi Regional Rondônia manifesta solidariedade à família de Clóvis e à toda a comunidade Itârap.