Dom Erwin Kräutler apresenta representação contra UHE Belo Monte
Durante o encontro, o presidente do Cimi e bispo do Xingu apresentou denúncia à vice-procuradora Geral da República sobre irregularidades que margeiam o empreendimento
Na tarde de hoje, 25, dom Erwin Kräutler, presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e bispo do Xingu (PA) entregou à vice-procuradora Geral da República e procuradora Geral em exercício, doutora Deborah Duprat, representação denunciando irregularidades que margeiam o projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte. Entre as denúncias está a utilização de má fé do conteúdo das reuniões informativas realizadas com as comunidades indígenas ameaçadas pela UHE, convertendo-as em falsas oitivas indígenas.
De acordo com o cacique Zé Carlos Arara, o grupo assinou a ata do encontro justamente para comprovar que não era oitiva indígena, para provar que era uma reunião de fechamento de um trabalho realizado junto com a comunidade. No entanto, o governo prova mais uma vez seus desmandos, propalando, provavelmente com base nesses documentos, ter realizado as oitivas junto aos povos indígenas da região.
Carta aberta
Ainda esta manhã, dom Erwin emitiu carta aberta à opinião pública nacional e internacional, denunciando esta e outras irregularidades que envolvem o empreendimento, previsto para ser construído no rio Xingu, Pará. Além das falsas oitivas indígenas realizadas pelo governo, o documento revela a preocupação e questionamentos em relação à obra, que trará impactos a diversas comunidades indígenas, ribeirinhas e camponesas da região.
A obra atingirá, especialmente, os municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Porto de Moz, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu. Muitos moradores dessas localidades ficarão sem água em decorrência da redução do volume hídrico; a população crescerá mais que 100%. Altamira tem atualmente uma população de 105 mil pessoas. Como ficará o acesso a serviços básicos de saúde, educação, segurança e saneamento básico com a duplicação desse número?
Para dom Erwin, nenhuma ‘condicionante‘ será capaz de justificar a UHE Belo Monte. "Jamais aceitaremos esse projeto de morte. Continuaremos a apoiar a luta dos povos do Xingu contra a construção desse monumento à insanidade”, afirma.