14/02/2011

Cacique do povo Tupinambá em prisão domiciliar

Desde a noite da última sexta-feira (11), a cacique Tupinambá Maria Valdelice de Jesus (Jamapoty), cumpre prisão domiciliar. Valdelice estava no presídio de Itabuna desde o dia 3 de fevereiro, acusada injustamente de liderar quadrilha e comandar de “invasões” à propriedades rurais na região de Olivença, sul da Bahia. Em sua volta para casa, o procurador Israel Nunes Silva a acompanhou.

 

Valdelice deve permanecer em casa até que novas medidas sejam tomadas por seus advogados. Os familiares da cacique ficaram bastante satisfeitos com a medida e esperam que os atos de criminalização de lideranças por parte do poder público tenham fim.

Criminalização

 

A região é marcada por um longo processo de agressões e criminalização da luta desenvolvida pelos Tupinambá para recuperar a terra que lhes foi usurpada ao longo da história de colonização do Brasil. Em 2008, durante uma tentativa de prender o cacique Babau, da Serra do Padeiro, a Polícia Federal ingressou na aldeia e destruiu a escola da comunidade, além de agredir Babau, seu irmão Jurandir Ferreira e o ancião Marcionilio Guerreiro com tiros de borrachas. Dois dias depois, cerca de 130 agentes voltaram à comunidade, agindo com forte e desproporcional aparato policial. Na ocasião, destruíram móveis, queimaram roças e feriram dezenas de Tupinambá. Em 2009, novas arbitrariedades foram cometidas. Cinco indígenas, entre eles uma mulher, também da Serra do Padeiro, foram constrangidos e torturados, inclusive com aplicação de choques elétricos, por agentes da Polícia Federal, durante ação ilegal realizada na aldeia. Em 2010, Rosivaldo Ferreira da Silva, o cacique Babau, seu irmão Givaldo Jesus da Silva, sua irmã Glicéria Jesus da Silva e o filho desta ficaram aprisionados por cerca de quatro meses em presídios da Bahia e do Rio Grande do Norte. O cacique Babau e seu irmão Givaldo chegaram a ser transferidos e ficaram presos, por cerca de dois meses, no presídio federal de segurança máxima, em Mossoró, RN, algo totalmente inusitado para o caso. Glicéria foi detida, juntamente com seu filho de apenas dois meses na ocasião da prisão, quando desembarcava no aeroporto de Ilhéus, um dia após ter se reunido com o presidente Lula, durante reunião da Comissão Nacional de Política Indigenista, em Brasília.

Fonte: Cimi Equipe Itabuna
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