Rio Peruaçu e povo Xakriabá ameaçados
Pavimentação da estrada que liga os municípios mineiros Cônego Marinho e Miravânia coloca em risco a sobrevivência do povo Xakriabá
È preocupante a situação que se encontra a comunidade Xakriabá do Peruaçu/Dizimeiro,
O fato é que o rio é de suma importância para a sobrevivência do povo Xacriabá e ao longo dos anos vem sendo explorado por grandes empresas. Nas décadas de 1980 e 1990, empresas de mineração comprometeram a vida do rio juntamente com empreendimentos do setor de pecuária. Para agravar ainda mais a situação de desrespeito, é observável o avanço do plantio de eucalipto na região do Dizimeiro, território Xacriabá.
Com tais obras e o avanço dos eucaliptos, os indígenas relatam que as águas do rio diminuíram significativamente, sua vazão é pequena e certamente não comportará o volume de água utilizada diariamente pela Empa. De acordo com a comunidade, há cerca de 10 dias um motor foi instalado no leito do rio para bombear a água que a empresa utiliza.
Essa bomba já havia sido instalada em um córrego da região, que não suportou a demanda, o que provocou a instalação do equipamento no leito do Peruaçu. Não bastasse esse problema, a comunidade ainda relata que grande quantidade de óleo diesel é despejado no rio, o que é perceptível pela nova cor da água. Com essas e outras interferências no curso da água, muitas formas de vida que dependem do rio para sobreviver estão contaminadas.
A poluição provocada pelo motor de sucção é tamanha que está, inclusive, comprometendo as reservas – lagoas que abastecem o rio no período seco e servem de local para desova dos peixes. Diversas erosões já podem ser observadas às margens do rio, o que compromete todo o ciclo de vida nestes espaços, aonde estão presentes veredas, que são partes alagadas, berço dos buritizeiros e várias outras espécies de plantas, aves e animais.
Todos os impactos decorrentes da pavimentação desta estrada já foram alvo de intensas discussões com o poder público estadual, Funai e Ministério Público Federal, juntamente com representantes da construtora. No entanto, nenhuma providência foi tomada até o momento, nem mesmo estudos que atestem tais impactos.
As lideranças estão se organizando para pressionar os órgãos competentes a resolverem o problema. Diversas denúncias já foram encaminhadas e os indígenas têm cobrado da Empa documentos que a autorizou a retirar água do Peruaçu.