11/01/2011

Indígenas Xavante morrem por falta de assistência à saúde

O povo Xavante, mais uma vez, sofre com a mortalidade e o extermínio de sua população. Já no início deste ano, seis indígenas morreram por falta de assistência médica em casos de pneumonia, complicações de parto, gripe e diarréia na região de Campinápolis, no mato Grosso. A situação se repete como no início de 2009, quando mais de 20 crianças morreram por falta de atendimento à saúde e também em todo o ano de 2010, quando, das 200 crianças nascidas, 60 morreram devido a doenças respiratórias e infecciosas.

 

De acordo com missionários do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que acompanham os indígenas da região, muitos ofícios foram entregues ao poder público relatando a situação de abandono, mas nada foi feito. Os missionários afirmam ainda que o atendimento piorou muito quando ficou definida a mudança do atendimento à saúde da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), para a Secretaria Especial de Atendimento à Saúde Indígena (Sesai). “Neste período de Natal, não havia ninguém no pólo de saúde de Campinápolis e muitos idosos que tomam remédios regularmente não puderam ser atendidos”. De acordo com os missionários, o posto de saúde não possui água, energia, remédios e nem aparelhos de atendimento médico. “Já insistimos, mas não há melhorias, se acontece alguma emergência, os indígenas acabam morrendo”, declaram.

 

No caso de alguma emergência, os indígenas acabam recorrendo ao Cimi para socorrê-los, pegando carona nos veículos da entidade, que os levam aos hospitais mais próximos. Não há carros da Funasa para atendê-los. “Muitas vezes o doente acaba morrendo na estrada porque, além de tudo, as rodovias estão muito ruins e a situação se agrava com o aumento das chuvas nessa época”, declaram os missionários.

 

Situação se repete

 

Entre os meses de janeiro e fevereiro de 2009 ocorreram 14 óbitos de crianças em Campinápolis. Uma das crianças estava desnutrida e com pneumonia, e não havia um veículo para conduzi-la a uma unidade de tratamento. Em outro caso, uma mulher grávida perdeu seu filho, por falta de veículo para socorrê-la. Como estes, são muitos os casos que ocorrem no dia a dia das comunidades indígenas da região.

 

Esta situação chegou a ser denunciada ao Ministério Público Federal. Já em 2008 aconteceram 54 óbitos, sendo a população infantil a mais afetada.

 

Agora, no início de 2011, o jornal “O Estado de São Paulo” chegou a noticiar a grave situação dos Xavante, novamente por falta de assistência médica.

 

Mortalidade infantil alarmante

 

Em texto publicado recentemente no site do Cimi, a professora e doutora em Educação, Iara Bonin, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mostra a precária situação da saúde indígena no Brasil e destaca a região de Campinápolis. “As mais de 100 comunidades situadas na região do Médio Araguaia reclamam a falta de veículos, de medicamentos e de equipes técnicas para atender as mais de sete mil pessoas que vivem ali. A situação é precária, não há médicos, enfermeiros e nem meios de transporte para levar os doentes à cidade, conforme reportagem publicada no Diário de Cuiabá/MT, em 15/10/2010.

 

Tal como ocorre na terra indígena Vale do Javari, os índices de mortalidade infantil na aldeia Xavante de Campinápolis chegam a quase 100 óbitos para cada 1.000 crianças que nascem. Em outubro deste ano lideranças indígenas acamparam na sede da Funasa, protestando contra a falta de uma política adequada de atenção à saúde indígena. Apesar das diferentes formas de mobilização e de luta dos povos indígenas, no dia a dia o que eles encontram é o abandono e a omissão.”

Fonte: Cimi
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