19/11/2010

Continuam as ameaças contra o povo Pukobyê-Gavião, em Amarante do Maranhão

Por Gilderlan Rodrigues
Cimi Regional Maranhão              

Hoje, os Pukobyê-Gavião estão localizados em seis aldeias: Governador, Riachinho, Aldeia Nova, Rubiácea, Monte Alegre e Água Viva, todas dentro da Terra Indígena Governador, Município de Amarante do Maranhão. A população é de aproximadamente 1.000 habitantes. A reivindicação do povo Pukobyê-Gavião para que se realize uma nova demarcação da terra indígena é para garantir a existência das gerações futuras, bem como a continuidade do modo de vida tradicional do povo.

Devido ao processo de invasões por fazendeiros e madeireiros, a terra indígena Governador tem sofrido grandes impactos, além da extinção dos recursos sustentáveis renováveis, deixando-a, sem condições suficientes para que os indígenas possam continuar seu modo de vida, conforme sua organização cultural e tradicional. Diante desta realidade, os indígenas solicitaram a Fundação Nacional do Índio, uma nova demarcação da terra para que se incorporem partem importantes do território tradicional – imprescindíveis  para a sobrevivência física e cultural do Povo, a exemplo da água potável – que ficou fora dos atuais limites.

 

No entanto, fazendeiros e políticos da região tem constantemente afirmado em vários meios de comunicação social que a demarcação inviabilizará o município que já tem três terras indígenas em sua jurisdição geográfica. No entanto, essa informação não corresponde à verdade.  No município de Amarante do Maranhão está localizada uma terra indígena, que é a Governador, do Povo Pukobyê-Gavião e metade de outra que é a Terra Indígena Araribóia, que pertence ao povo Tenetehara/Guajajara.  Já a terra indígena Krikati, pertencente ao povo Krikati está localizada no município de Montes Altos, e não em Amarante como tem sido divulgado.   

 

Desde o inicio deste mês, quando começou o levantamento fundiário e cartográfico da terra, os indígenas Pukobyê-Gavião têm sofrido constantes ameaças. Elas são oriundas de fazendeiros que têm propriedades dentro da área de ocupação tradicional do povo Pukobyê-Gavião. Vale lembrar que muitas dessas propriedades foram adquiridas através de método persuasivo, utilizado pelos fazendeiros capitalizados vindos da Bahia, Minas Gerais e São Paulo que se instalaram na região.  

 

As lideranças indígenas Pukobyê-Gavião tem denunciado que as ameaças vão desde o não atendimento médico nos hospitais do município, proibição de ficar em determinados lugares como posto de combustível, esperando condução para irem às aldeias; ameaças verbais como: “temos muita munição para gastar com vocês” ou “estamos dispostos a matar ou morrer”, entre outras.

 

Até o momento nada foi feito pelo poder público para garantir a integridade física dos indígenas, que têm de se locomover até a sede do município para fazer compras, abastecer os veículos, buscar atendimento médico e farmacêutico, entre outras atividades essenciais para o povo. O procedimento de levantamento fundiário está parado. Os fazendeiros constituíram um advogado e vão entrar na justiça com mandato de segurança para impedir a demarcação da terra.

 

Os indígenas temem que a situação possa ficar mais difícil, caso nada seja feito. Temem também que venha acontecer conflito semelhante o que aconteceu em 1976 quando o fazendeiro sulista conhecido como Otavio Toledo, “Otavão” humilhou os indígenas, e ateou fogo na aldeia Rubiácea.

Portanto, o clima nas comunidades indígenas é de tensão e medo, por conta do que pode acontecer entre eles e os fazendeiros caso não seja tomada nenhuma providência o mais rápido possível.

Fonte: Cimi Regional Maranhão
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