“Complexo Tapajós é Belo Monte completo”
“Energia hidrelétrica é um dos negócios mais lucrativos que existem. Isso explica a disputa tão dura sobre nossos rios.” A afirmação é do professor Dorival Gonçalves da Universidade Federal de Mato Grosso, especialista em energia, na abertura do seminário “Amazônia em debate: Compromissos das Universidades Públicas e Movimentos Sociais”, em Sinop, Mato Grosso.
O professor Gonçalves abriu, na noite de quarta-feira, dia 10 de novembro, o seminário que reúne aproximadamente 350 representantes de 14 movimentos sociais, 10 povos indígenas, além de comunidades tradicionais como ribeirinhos, pescadores, retireiros e pequenos agricultores do Mato Grosso e do Pará. O seminário se realiza entre os dias 10 e 12 de novembro no salão paroquial da igreja São Cristovão
Em debate está a Amazônia e o desenvolvimento planejado pelo governo brasileiro, focando, sobretudo o complexo hidrelétrico do rio Tapajós. Uma das barragens deste complexo é a usina hidrelétrica de Sinop, no mesmo município, planejada para ser leiloada já em dezembro de 2010. Entre os muitos impactos sócio-ambientais a serem debatidos no seminário, estão também os impactos a uma série de terras indígenas na região.
Disputa dura
Professor Gonçalves iniciou o seminário explicando por que existe uma disputa tão dura sobre os rios do país, qual o grande motivo para se construir tantas hidrelétricas. “A eletricidade hídrica é a forma de energia mais eficiente que existe, comparado com formas mais caras como carvão, petróleo e nuclear. A lógica seria, então, que o preço fosse o mais barato.” Foi assim até o ano de 1994: pagava-se a metade do preço de energia gerada por outras fontes. “Porém, desde então é vendido ao consumidor pelo mesmo preço. Ou seja, as empresas tiram um lucro enorme da energia hidrelétrica. A produção da energia hidrelétrica é um dos negócios mais lucrativos que existem! Isso explica a disputa tão dura.”
Tática
Perguntado por que, nesta lógica, o consórcio Norte Energia insiste
O resultado seriam outras grandes áreas inundadas rio a cima no Xingu, que servirão como reservatórios de água para abastecer a hidrelétrica na época da seca. Isso aumentaria muito a produção elétrica de Belo Monte.
Gonçalves vê um paralelo perfeito com o complexo hidrelétrico do rio Tapajós: “O complexo, na verdade é uma série de 7 barragens planejadas para serem construídas ao longo dos rios Teles Pires e Tapajós. O complexo Tapajós é tudo que Belo Monte será no futuro.” Um rio totalmente represado, uma série de reservatórios de água estagnada, em vez de um rio vivo.
O seminário
Na quinta-feira, 11 de novembro, o seminário continua com palestras de vários professores das universidades de Mato Grosso (UFMT e UNEMAT), debates e mesas com a participação dos movimentos sociais.
Uma passeata pela cidade fechará o seminário.
O seminário foi organizado pela Secretaria Regional Pantanal do ANDES SN, ADUFMAT e ADUNEMAT, com apoio da CPT, MST, MAB e FORMAD, Fórum que reúne várias outras entidades de Mato Grosso.
Os povos indígenas representados são: Karajá, Panará, Kaiabí, Bakiarí, Munduruku, Rikbaktsa, Irantxe, Enawe Nawe, Apiaká e Yudja.
Participam ainda: Movimento de Mulheres Camponeses, Comunidades Eclesiásticas de Base, OPAN, CIMI, Colônia dos Pescadores – Sinop, STTR – Sinop, SINTEP, Pastoral da Juventude Rural, Retireiros, Fórum Mato-grossense de Meio-ambiente (Formad)
Informações:
Susy: (65) 3627 6777 ou (65) 3627 7304 ([email protected])
Sanches (65) 3664 4704 ou (65) 9223 7579
Joangela (66) 3511 2131 ou (66) 8423 8097