Hidrelétrica pode acabar com a Pororoca em rio amazônico
A Pororoca é um fenômeno que forma ondas gigantes no encontro dos rios amazônicos com o Oceano Atlântico. No rio Araguari, que corta o estado do Amapá, as ondas atingem até cinco metros de altura. No entanto, a construção da usina hidrelétrica de Ferreira Gomes ameaça a continuidade desse espetáculo.
No último dia 4, os Ministérios Públicos Federal e Estadual do Amapá moveram uma Ação Civil Pública pedindo a suspensão da licença de instalação da usina. De acordo com o procurador da República no estado, Antônio Carlos Marques Cardoso, o empreendimento ainda coloca em risco a unidade de conservação do Lago do Piratuba,
“O pedido é feito em virtude da deficiência do estudo de impacto ambiental que não abrangeu determinadas zonas de afetação indireta, no caso o município situado nas proximidades do rio Araguari. O estudo de impacto ambiental foi feito até um determinado estágio e desconsiderou justamente a Foz do Rio Araguari, onde se dá o fenômeno da pororoca.”
No início do ano foram realizadas audiências públicas nos municípios de Macapá, Ferreira Gomes e Porto Grande. O procurador denuncia que as comunidades não foram informadas sobre os danos ambientais e sociais que serão causados pela usina.
“Uma cidade como Ferreira Gomes, que tem uma população pequena, não tem estrutura para suportar uma massa de trabalhadores da ordem de duas, três mil pessoas. Há o problema da falta de estrutura urbana da cidade e também as questões que envolvem qualquer construção, como o problema das doenças, da violência e, eventualmente, a prostituição.”
Na Ação Civil Pública também foi solicitada a suspensão do leilão que escolheu a empresa Alupar para realizar as obras.
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.