Povo Pataxó Hã-Hã-Hãe retoma terras tradicionais na Bahia
Por volta das 4h30 da manhã de ontem, 4 de outubro, cerca de 70 famílias indígenas do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, cerca de 350 pessoas, retomaram as áreas hoje denominadas de Santa Maria, Santa Madalena, Serra das Águas, Serra do Ouro e Iracema, totalizando cerca de cinco mil hectares, todas localizadas na região dos Vinte e Cinco, entre os municípios de Pau Brasil e Itajú do Colônia.
Segundo documento assinado pelas lideranças e enviado à Fundação Nacional do Índio (Funai) e às entidades de apoio, eles aguardam a mais de 28 anos por uma solução para que possam voltar em definitivo às suas terras. As áreas estão invadidas por fazendeiros de gado e cacau e desde
No documento eles afirmam que percebem nada tem sido feito pelo governo em relação à causa Pataxó Hã-Hã-Hãe e que isso contribui diretamente com os conflitos entre indígenas e fazendeiros na região. “Lutamos pela ocupação integral de nossas terras com grandes latifundiários que defendem à “chumbo” seus interesses, o que têm ao longo dos anos nos legado grandes perdas. Essa situação mais tem demonstrado a falta de interesse dos nossos governantes em resolver um problema que não atinge apenas a comunidade indígena Pataxó Hã-Hã-Hãe, mas toda a região do entorno da terra indígena, com a falta de segurança, proliferação e disseminação do consumo de drogas, sendo muitas destas ações/atividades patrocinadas pelos agentes interessados em nossas terras”, afirmam no texto.
Ainda segundo as lideranças, a intenção da ocupação é pressionar o governo a resolver a questão das terras, além de unir esforços junto aos parceiros nesta luta. Eles finalizam o documento dizendo que ocuparam a área que lhes é de direito e solicitando o apoio da saciedade civil. “Para nós é importante que a sociedade civil organizada e o poder público saiba que nossa intenção é reivindicar através das retomadas – símbolo da resistência Pataxó Hã-Hã-Hãe, a ocupação de nossas terras por fazendeiros, enquanto o governo nada faz para resolver nossos problemas. Diante do exposto solicitamos apoio da sociedade civil organizada, ONGs, autoridades e órgãos governamentais responsáveis pela questão indígena, na garantia dos nossos direitos conforme manifestado na CF de 1988, assim como, a nossa proteção física”.
As lideranças já informaram que a Polícia Federal estaria se encaminhando para a área retomada juntamente com a Funai, para retirar os indígenas. Assim, a comunidade pede a ajuda de todos para que seus direitos sejam respeitados e afirmam que não sairão das áreas retomadas.
Histórico
Após 26 anos de espera, o Supremo Tribunal Federal (STF) finalmente deu início ao processo de julgamento da ACO nº 321 no dia 24 de outubro de 2008. Após rico e bem fundamentado voto favorável do ministro Relator Eros Grau, o ministro Menezes Direito solicitou vista do processo frustrando a comunidade Pataxó de ver por definitivo a questão da suas terras resolvida. Para piorar a situação, o ministro Menezes veio a falecer logo após este pedido de vista, não externando seu voto. Um novo ministro, Antônio Dias Toffoli, foi indicado para a sua vaga, mas até hoje o julgamento não foi retomado.