Conselho do Cimi destaca as questões do Bem Viver
Grupo esteve reunido entre os dias 7 e 9 deste mês e também avaliou positivamente as mobilizações indígenas realizadas durante o mês de agosto
Os membros do Conselho do Cimi discutiram, em reunião extraordinária realizada no decorrer desta semana, os rumos da conjutura indigenista neste período eleitoral. Na pauta ainda estiveram questões como as relações de Bem Viver dos povos indígenas, a importância da formação política e as mobilizações contra os grandes projetos do governo federal e a favor da garantia de direitos destes povos, realizadas durante o mês de agosto.
Como pano de fundo para a discussão acerca da conjuntura indigenista, Roberto Liebgott, vice-presidente do Cimi, fez uma breve reflexão sobre o atual contexto em que se insere o movimento indígena, sobre as escolhas do Estado brasileiro em relação aos direitos desses povos e também sobre as grandes obras que impactam diretamente suas formas de Bem Viver.
Já o secretário adjunto da entidade, Cléber Buzatto, destacou que as questões relacionadas a execução orçamentária refletem, mais que incapacidades, as opções políticas do governo brasileiro. “Alguns dados são desastrosos, como os recursos destinados e executados para a demarcação de terras indígenas. Do total destinado foram gastos apenas 2,6 milhões de reais”, afirmou.
Também foram analisados os gastos relacionados à educação e saúde. Como referência, foram avaliados os valores aplicados em obras de saneamento básico. Um montante de R$ 50 milhões foi liberado para investimento em melhorias nas comunidades indígenas, no entanto, somente pouco mais de um milhão foi gasto em oito meses de execução orçamentária.
O secretário executivo do Cimi, Eden Magalhães, chamou atenção para outra questão: a das grandes hidrelétricas, como a de Belo Monte, e a conivência da Fundação Nacional do Índio (Funai) para com estas situações. “Em relação à Belo Monte, é importante destacar que o presidente da Funai é um dos responsáveis pela liberação da obra em detrimento dos povos indígenas. Ele é uma pessoa muito bem educada que mantém uma boa relação com os próprios indígenas, mas acaba fazendo uma outra política”, destacou o secretário.
Bem Viver e formação política
A questão do Bem viver indígena também teve destaque durante o encontro. De acordo com o assessor teológico do Cimi, Paulo Suess, a nossa sociedade está bastante atingida pelo problema da acumulação e da aceleração. "Este é um ponto que vai de encontro ao que os povos indígenas pregam em relação ao Bem Viver", destacou.
Além das análises de Bem Viver apregoadas e praticadas pelos povos indígenas, numa cultura de harmonia e respeito com a natureza, o conselho do Cimi também analisou a importância da formação política da entidade. Par Saulo Feitosa, secretário adjunto do Cimi, esta formação é o forte da organização e deve continuar como diferencial em relação às outras que também trabalham com povos indígenas.
Mobilizações
Os conselheiros ainda avaliaram positivamente as mobilizações indígenas realizadas mês passado, como o Acampamento “Nós existimos: terra e vida para os caçadores e coletores Awá-Guajá”. O evento aconteceu entre os dias 1º e 3 de agosto na cidade maranhense de Zé Doca. Durante o encontro, aonde também participaram represetantes dos povos Guajajara e Kaapor, os indígenas denunciaram as invasões de terras indígenas no país, seja pelo agronegócio, pelos grandes produtores de soja e cana, seja por mineradores ilegais.
O "Acampamento em Defesa do Xingu, contra Belo Monte", realizado na cidade de Altamira (PA), entre os dias 9 e 12 de agosto, também trouxe esperança e força ao movimento indígena e sua luta pela garantia de direitos constitucionais, como o acesso à terra, saúde e educação. No evento, diversas lideranças indígenas e represetantes de ribeirinhos, pescadores e agricultores reforçaram o apoio à luta contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte.
Por fim, os conselheiros analisaram os encaminhamentos resultantes do 7° Acampamento Terra Livre, que este ano de maneira excepcional aconteceu