Começa mobilização contra Belo Monte em Altamira
J. Rosha
A quem realmente interessa a construção da hidrelétrica de Belo Monte? Como a população local enfrentará as consequências dessa obra? Para refletir sobre estas e outras questões que envolvem a hidrelétrica, cerca de 500 pessoas de movimentos sociais de várias regiões do Pará e de outros estados da Amazônia estão reunidos desde ontem até a próxima quinta-feira, 12, na cidade de Altamira (município localizado no sudoeste do Pará, a
Nas primeiras horas da manhã de ontem, a paisagem da cidade começou a mudar. Na orla, onde vão acontecer os debates do acampamento "Em Defesa do Xingu, Contra Belo Monte", aos poucos chegavam os primeiros participantes. Indígenas, ribeirinhos e trabalhadores rurais começaram a montar acampamento improvisado de madeira, cobertos com lona azul.
"É muito triste ver o que estão querendo fazer com as nossas comunidades e com nossos filhos", dizia um dos participantes. "Estão querendo mudar o curso do rio, construir uma obra muito grande que não vai fazer bem ao Xingu. Se fosse para nos beneficiar, não precisava ser tão grande", reclamou.
A construção da hidrelétrica está prevista pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal e custará em torno de R$ 19 bilhões, segundo as primeiras estimativas oficiais. A área inundada afetará diretamente nove povos indígenas, além de comunidades ribeirinhas e agricultores familiares.
A reação das populações tradicionais contra a construção da barragem – que inundará uma área de mais de
A abertura do evento foi realizada ontem à noite no auditório da Paróquia de São Sebastião. O evento é promovido pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab); Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib); Movimento de Atingidos por Barragens (MAB); Via Campesina; Movimento "Xingu Vivo para Sempre"; Conselho Indigenista Missionário (Cimi).