10/08/2010

Começa mobilização contra Belo Monte em Altamira

J. Rosha


A quem realmente interessa a construção da hidrelétrica de Belo Monte? Como a população local enfrentará as consequências dessa obra? Para refletir sobre estas e outras questões que envolvem a hidrelétrica, cerca de 500 pessoas de movimentos sociais de várias regiões do Pará e de outros estados da Amazônia estão reunidos desde ontem até a próxima quinta-feira, 12, na cidade de Altamira (município localizado no sudoeste do Pará, a 454 quilômetros da capital, Belém).

 

Nas primeiras horas da manhã de ontem, a paisagem da cidade começou a mudar. Na orla, onde vão acontecer os debates do acampamento "Em Defesa do Xingu, Contra Belo Monte", aos poucos chegavam os primeiros participantes. Indígenas, ribeirinhos e trabalhadores rurais começaram a montar acampamento improvisado de madeira, cobertos com lona azul.

 

"É muito triste ver o que estão querendo fazer com as nossas comunidades e com nossos filhos", dizia um dos participantes. "Estão querendo mudar o curso do rio, construir uma obra muito grande que não vai fazer bem ao Xingu. Se fosse para nos beneficiar, não precisava ser tão grande", reclamou.

 

A construção da hidrelétrica está prevista pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal e custará em torno de R$ 19 bilhões, segundo as primeiras estimativas oficiais. A área inundada afetará diretamente nove povos indígenas, além de comunidades ribeirinhas e agricultores familiares.

 

A reação das populações tradicionais contra a construção da barragem – que inundará uma área de mais de 500 quilômetros quadrados para gerar pouco mais de 11 mil megawatts de energia elétrica, tem custado ameaças de morte a várias personalidades da região, como o bispo da Prelazia do Xingu, Dom Erwin Kräutler e a coordenadora do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Antônia Melo.

 

A abertura do evento foi realizada ontem à noite no auditório da Paróquia de São Sebastião. O evento é promovido pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab); Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib); Movimento de Atingidos por Barragens (MAB); Via Campesina; Movimento "Xingu Vivo para Sempre"; Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Fonte: Cimi
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