06/08/2010

Cimi Regional Goiás/Tocantins faz lançamento de Relatório da Violência contra os Povos Indígenas no Brasil em Palmas

Com a finalidade de denunciar e chamar a atenção da opinião pública para a violência contra os povos indígenas no Brasil, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), lançou ontem, no auditório do Ministério Público Federal em Palmas-TO, o Relatório de Violência contra os Povos Indígenas no Brasil – 2009.

 

O evento contou com a participação de representantes dos povos indígenas de Goiás e Tocantins: Krahô, Karajá, Xerente, Krahô Canela, Karajá de Aruanã e Tapuaia, além da representante do Centro de Direitos Humanos de Palmas, Fátima Dourado, do Bispo da Prelazia de Cristalândia, Dom Eriberto Hermes e do Procurador Chefe do Ministério Público Federal no Tocantins, Álvaro Lotufo Manzano.

 

Na ocasião, a coordenadora do Cimi GO/TO, Sara Sanchez, ressaltou que o objetivo do Cimi com a divulgação do Relatório é chamar atenção para a violência praticada contra os povos indígenas no País e para a necessidade de ações de enfrentamento contra situação. “Queríamos que não fosse necessária a emissão do relatório, porque nosso objetivo é que a violência deixe de existir”, frisou Sara. Ela ressaltou também que a publicação é divulgada pelo Cimi desde 1993, sendo que a questão  não pode ser tratada apenas como números, uma vez que são seres humanos que estão tendo os seus direitos violados.

 

Antônio Apinajé, representante da Aldeia Areia Branca, de Tocantinópolis, afirmou que a violência contra os Povos Indígenas no Tocantins e Goiás está diretamente atrelada a projetos de desenvolvimento econômico, como é o caso da Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães, em Lajeado, que provocou diversos impactos para o povo Xerente, da Usina de Estreito, no Maranhão, que está impactando as terras dos Apinajé, além do agronegócio, como o plantio da soja, que tem provocado danos para as terras do povo  Krahô. Para piorar o quadro, existe a omissão em políticas públicas de educação e saúde. “A violência acontece em todo lugar, e é porque acontece que temos que denunciar”, afirmou.

 

A divulgação do Relatório também foi considerada pelos presentes como um instrumento para a união de forças contra a violação dos direitos humanos no País. “Iniciativas como esta nos dão força para continuarmos lutando pelas causas humanitárias”, afirmou Fátima Dourado, representante do Centro de Direitos Humanos de Palmas.

 

Já o procurador Álvaro Manzano frisou que o Relatório serve como uma mostra do que acontece no Estado, mas que os números são maiores nessa região, sendo que o documento é importante para “que a sociedade fique atenta para que os casos não se repitam”.

 

O Relatório

O Relatório da violência contra os Povos Indígenas no Brasil é referente ao ano de 2009, quando foram registrados 60 casos de assassinatos entre os indígenas do país.

 

O documento aborda a violência praticada contra a pessoa, como assassinatos, ameaças e atos de racismo, e contra o patrimônio indígena, como os conflitos territoriais e os danos ambientais. A publicação também apresenta as violências decorrentes da omissão do poder público, como os suicídios e a desassistência à saúde. O capítulo final traz informações sobre violências contra os povos indígenas isolados ou de pouco contato.

Fonte: Cimi Regional Goiás/Tocantins
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