12/07/2010

Nota de solidariedade da CNBB ao Ir. Paul MC Auley e ao povos da Amazônia Peruana

 

Com o Ir. Paul Mc Auley Lassalista, com a Igreja e os Povos da Amazônia Peruana

 

 

A Comissão Episcopal para a Amazônia manifesta sua solidariedade e apoio ao Ir. Paul Michael John Thomas Mc Auley, da congregação La Salle, penalizado pelo governo peruano com o cancelamento de sua permanência no país sob alegação de ter participado em manifestações populares, promovidas por movimentos sociais do Peru contrários às políticas sócio-ambientais que favorecem os interesses do grande capital. 

 

Ir. Paul reside no Peru há 20 anos e, atualmente, é presidente da Rede Ambiental Loretana – RAL, com sede em Iquito, Loreto. O trabalho da RAL tem como objetivo informar e educar para promoção de uma consciência e justiça sócio-ambiental, reforçando o conhecimento das populações tradicionais na valorização dos recursos naturais, promovendo a sustentabilidade das comunidades rurais e indígenas, propondo alternativas.

 

 Reafirmamos o que nós, bispos latinoamericanos, na V Conferência Episcopal do CELAM, em Aparecida, Brasil (2007) dissemos. Temos a responsabilidade histórica de “criar consciência nas Américas sobre a importância da Amazônia para toda a humanidade”. E não só nas Américas, mas também em todo o mundo, por ser a Amazônia fundamental para o equilíbrio sistêmico do planeta.

 

A Amazônia peruana, como toda a região amazônica continental, é alvo de interesses de grandes empresas multinacionais petrolíferas, minerais, madeireiras e outras, e está nos planos de construção de grandes projetos, como hidrovias e estradas para facilitar o acesso dessas empresas aos recursos naturais. Tais grupos econômicos, apoiados pelos governos – nesse caso, pelo governo Peruano-, querem consolidar seus empreendimentos a qualquer custo. Esta é uma das razões pelas quais vários conflitos vêm ocorrendo, inclusive com massacres de indígenas e ribeirinhos. Só lembrar, por exemplo, o terrível massacre dos indígenas Awahum e Wampis em Bagua-Peru (Jun/2009) por opor-se a invasão das petroleiras em seu território tradicional.

 

Em Aparecida, nós bispos denunciamos esta situação: “Com muita frequência, se subordina a preservação da natureza ao desenvolvimento econômico, com danos à biodiversidade, com o esgotamento das reservas de água e de outros recursos naturais, com a contaminação do ar e a mudança climática” (DAp 66). “Nas decisões sobre as riquezas da biodiversidade e da natureza as populações tradicionais têm sido praticamente excluídas. A natureza foi e continua sendo agredida. A terra foi depredada. As águas estão sendo tratadas como se fossem uma mercadoria negociável pelas empresas, além de terem sido transformadas num bem disputado pelas grandes potências” (DAp 84). E o próprio Papa Bento XVI, alerta sobre a “devastação ambiental da Amazônia e as ameaças à dignidade humana de seus povos” (DAp 85).

 

As pessoas e instituições que valentemente enfrentam esta lógica mercantilista e depredatória são sistematicamente criminalizadas por parte dos Estados. O Ir. Paul é vítima desse tipo de ação.

 

Como Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) queremos solidarizar-nos com o Ir. Paul, a Igreja e os povos da Amazônia Peruana, e encorajá-los: “Como profetas da vida, queremos insistir que, nas intervenções sobre os recursos naturais, não predominem os interesses de grupos econômicos que arrasam irracionalmente as fontes de vida, em detrimento de nações inteiras e da própria humanidade” (DAp 471).

 

                        Unidos na oração e missão na Amazônia, solidários em Cristo,

 

Brasília, 07 de Julho de 2010.

 

                                              Dom Jayme Henrique Chemello                  

                                      

                          Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia – CNBB

 

                                   Dom Antônio Possamai       Dom Erwin Krautler   

                                        Vice- Presidente                     Secretário

   

                                                                   

                                                                                            

 

 

Fonte: CNBB
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