12/07/2010

Cimi Norte I promove o encontro dos povos em processo de reconhecimento étnico cultural

 

Entre os dias 13 e 15 de julho o Regional Norte I do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), promove o “Encontro dos povos em processo de reconhecimento étnico e territorial”. O evento será realizado no Centro de Formação Xare, localizado no KM 22 da rodovia BR-174 (Manaus – Boa Vista), nas proximidades da Escola Agro técnica Rainha dos Apóstolos.

 

 

Tal como ocorreu em outros estados brasileiros, no Amazonas um número considerável de comunidades, em vários municípios, passou a assumir a identidade indígena. De acordo com membros do Cimi, “é crescente a demanda de povos indígenas reivindicando o reconhecimento étnico cultural, sempre ligado a uma delimitação territorial, principalmente na região dos rios Madeira e Solimões”. Até agora 28 comunidades solicitaram o pedido de reconhecimento étnico.

 

O missionário Jean Robson Pinheiro explica que em Tefé, os povos ressurgidos estão buscando apoio para revitalizar a língua. Ele analisa que a utilização da língua materna é um dos meios a que as comunidades recorrem para reafirmar sua identidade cultural. “A ferramenta que usam é falar as palavras que eles sabem na língua materna para não calarem e mostrar aos não índios que, de fato, são indígenas”, explica Jean Robson. Ele trabalha com povos indígenas do Juruá e Médio Solimões desde o início dos anos 90.

 

Na região do Médio e Alto Solimões, as comunidades de povos ressurgidos enfrentam enormes dificuldades. Existem comunidades Kokama que nunca deixaram de assumir a condição de indígenas e, por isso, são marginalizados. Outros, como os Kaixana, no município de Santo Antônio de Içá, enfrentam problemas com o Exército Brasileiro na busca do reconhecimento e demarcação de suas terras. Em Tonantins, outro grupo também de Kaixana não é reconhecido.

 

Em Roraima, os Sapará (povo de origem Karib) lutam para que sejam reconhecidos e tenham direito à terra. Eles vivem ao norte do estado de Roraima e, devido à violência do processo de colonização da região, foram forçados a viver junto com os Makuxi e Wapichana. A convivência com outros povos fez com que fossem considerados extintos.

 

Ao longo de cinco séculos, os povos indígenas foram sendo drasticamente reduzidos para acomodar os interesses dos grupos econômicos que apossaram de seus territórios. A reação de alguns levou ao seu completo extermínio. Outros preferiram negar a identidade indígena como forma de resistência à colonização. Hoje, eles reassumem sua identidade e buscam recuperar suas tradições, cultura e territórios.

 

Essa é apenas uma pequena parte da complexa realidade que estará em discussão no “Encontro dos povos em processo de reconhecimento étnico e territorial”, promovido pelo Cimi Norte I. Lideranças indígenas e membros de comunidades ressurgidas do Amazonas, Roraima, Amapá, Pará e de estados do Nordeste participarão do evento.

 

“Queremos trazer o assunto à tona, queremos dar visibilidade a essa grande diversidade cultural e étnica para que sejam reconhecidos e como tal pleitear o que lhes é devido pelo estado brasileiro”, diz Edina Pitarelli, coordenadora do Cimi Norte I.

Fonte: José Rocha - Regional Cimi Norte I
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