Informe nº 921: Lideranças indígenas reivindicam melhor atendimento e respeito
Comissão de indígenas Karajá e Kanela tentam em vão falar com presidente da Funai
Uma comissão formada por 12 indígenas dos povos Karajá e Kanela do Araguaia estão em Brasília desde segunda-feira (5) para falar com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira. O grupo pretende conversar sobre o Decreto 7.056/09, que reestrutura o órgão. Os Karajá vivem na Ilha do Bananal, no Tocantins, e os Kanela do Araguaia moram na região de São Félix do Araguaia,
A viagem até Brasília tem por objetivo retratar à Funai os diversos problemas enfrentados pelas comunidades com as mudanças nos atendimentos prestados pelo órgão. Antes esses serviços eram prestados por meio da Administração Regional do Araguaia, localizada
As administrações regionais, de acordo com o decreto, serão extintas e criadas coordenadorias regionais. O grupo reclama que coordenadoria que será responsável pelo atendimento na região, localizada em Palmas (TO) também atenderá comunidades de mais 28 municípios. “Isso é praticamente impossível, pois essa coordenadoria não terá como atender um número tão grande de pessoas, além disso, os municípios ficam muito distantes um do outro”, afirmam.
“Depois desse decreto vários indígenas morreram sem atendimento, por conta do alcoolismo e de outros problemas que afetam nossa comunidade, pois estamos sem nenhuma fonte de renda, como o projeto de agricultura”, afirmou João Werreriá, do povo Karajá.
Ainda de acordo com os indígenas, o fim da administração regional tem ocasionado uma série de invasões na região da Ilha do Bananal. Os invasores entram na terra roubam e vendem peixes, tartarugas e outros recursos naturais encontrados na região.
Faz seis meses que técnicos e funcionários da Funai não aparecem na região, por isso, o grupo veio cobrar uma resposta do órgão. “A gente quer que eles resolvam a situação, pois são vidas que estão em jogo”, declarou a representante do povo Kanela Lenimar Werreriá, que é presidente da Associação Wyky Iny Mahadu, da Aldeia JK.
Eles ainda criticam o processo de construção e aprovação do decreto. “Todo o processo foi falho, pois não ouviu o povo, não fez um estudo apropriado para acabar com as administrações e criar as coordenações. Tudo foi feito de cima, uma total falta de consideração do presidente do país com os povos indígenas”, disse Edmilson Moreira Karajá.
Encontro
Enquanto o grupo que veio à Brasília não consegue conversar com Marcio Meira e é recebido com má vontade e receio pelos funcionários da Fundação em Brasília, a secretária do presidente da Funai informou que o mesmo se encontrará amanhã (9), com dom Pedro Casaldáliga,
Lideranças Terena denunciam agressões ao MPF de Mato Grosso do Sul
Em junho deste ano lideranças indígenas do povo Terena da Terra Indígena Cachoeirinha, município de Miranda, enviaram ofício ao Ministério Público Federal de Mato Grosso do Sul denunciando as inúmeras agressões de que têm sido vítimas desde que retomaram parte de sua terra tradicional, conhecida como Tumuné Kalivono, em 22 de outubro de 2009.
“Desde a expulsão de nossa terra retomada, ação essa feita pela Polícia Federal e Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, passamos a sofrer uma série de ameaças e intimidações de várias pessoas residentes em Miranda”, afirmam as lideranças no documento.
Entre as agressões denunciadas estão a degradação do território tradicional, a retirada de madeira de reserva legal que fica na área reivindicada pela comunidade, perseguições e ataques aos indígenas.
No dia 16 de junho, Lindomar Terena e Germano Terena andavam de moto pelo centro da cidade, quando, de acordo com a comunidade, foram abordados e perseguidos por um morador da região que também estava em uma moto e passou a jogar o veículo contra eles.
Diversas são as situações de discriminação e desrespeito por que passam os Terena que vivem
Ainda de acordo com as lideranças, no dia da expulsão de seu povo, foi firmado um acordo entre os indígenas e o fazendeiro que afirma ser o dono da área reivindicada pelo grupo, que este devolveria os pertences dos indígenas que não puderam ser retirados no momento da retirada do grupo da fazenda.
“O fazendeiro disse que deixaria nossas coisas na porteira da fazenda. No entanto, passados vários dias, nada aconteceu. Fomos, simplesmente, informados que o acordo não será cumprido e que não teremos de volta nossos cavalos, vacas, fogões e documentos”, denunciam.
Para as lideranças as ações são estratégias para intimidar a comunidade, o que tem comprometido a tranqüilidade e a integridade física de seu povo. Eles pedem à providências no sentido de apurar os fatos criminosos cometidos contra o povo e de coibir as ameaças que lhe são impostas.