02/06/2010

Grandes Projetos: Seminário discute impactos na Amazônia

O centro dos conflitos na Amazônia, hoje, é para definir quem tem acesso, uso e controle sobre os recursos naturais existentes na região.  A construção de grandes obras de infra-estrutura planejadas pelos governos dos países sul americanos tem por fim assegurar a entrada de grandes empresas para explorar minérios, petróleo, água e os inúmeros recursos da biodiversidade. Essa afirmação do pesquisador Guilherme Carvalho chamou atenção dos participantes do Seminário “Grandes Projetos na Amazônia e Seus Impactos”, promovido pelo Conselho Indigenista Missionário – Cimi, que se realiza na cidade de Rio Branco (AC), de hoje, 02/06, até a próxima sexta-feira.

 

Carvalho – que é Coordenador do Núcleo de Cidadania da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE -, destacou que a construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, vêm para realizar um antigo sonho das elites da região: a integração da bacia do rio Amazonas com a do Prata. “A construção dessas hidrelétricas além de outras duas na Bolívia e 15 no Peru, vai inundar uma extensão de 4.750 quilômetros quadrados, permitindo a construção de uma hidrovia que ligará o continente de Norte a Sul, favorecendo os interesses do grande capital”, explicou Guilherme Carvalho. 

 

Para o pesquisador Ramon Cujui Freitas, os grandes projetos previstos pelo Programa de Aceleração do Crescimento – PAC e Iniciativa para Integração da Infra Estrutura Sul Americana – IIRSA, não irão por fim ao sofrimento dos povos que vivem na região amazônica. “A propaganda governamental alimenta a esperança de que as hidrelétricas, hidrovias e estradas previstas nesses programas irão elevar a qualidade de vida da população. Isso está longe de acontecer. Hoje, existem grandes obras concluídas, mas as populações afetadas continuam com os mesmos problemas de antes”, disse Ramon Cujui.

 

Resistência – De acordo com a coordenação do Cimi no Acre, o seminário se propõe a “fortalecer a resistência dos Movimentos sociais e indígenas” diante dos impactos que os grandes projetos governamentais causam aos indígenas e demais segmentos da região.

Lindomar Padilha, coordenador regional do Cimi no Acre, destaca que um dos desafios dos movimentos sociais é “pensar a Amazônia a partir de quem vive nela, refletindo sobre os modelos e projetos vindos de fora”. Para ele muitas vezes as iniciativas governamentais são apresentadas como alternativas, mas, frequentemente,  são pouco viáveis e visam exclusivamente a exploração dos recursos naturais sem considerar população formada por diversos povos com culturas e necessidades específicas.

 

O Seminário “Grandes Projetos e Seus Impactos na Amazônia” tem participação de indígenas, lideranças populares e missionárias de vários estados da Amazônia Brasileira, além de representantes de organizações indígenas do Peru e Bolívia. “Grandes Projetos e as Mudanças Climáticas” será o tema de amanhã que terá como palestrante, Israel Pereira.

 

Fonte: J. Rosha - Cimi Norte I
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