24/05/2010

Esperanças para lutar

Nesta segunda-feira, 24 de maio, tem iní­cio a I Assembleia dos Povos Indígenas de Goiás e Tocantins, às 19h. No período da manhã, várias delegações já chegaram para montar acampamento no campus da Universidade Federal do Tocantins, em Palmas. São esperados mais de 350 indígenas dos dois estados.

 

O espaço é uma oportunidade para reencontrar amigos e parentes, mas também para fazer reivindicações e compartilhar a luta com outros povos que, muitas vezes, vivem situações parecidas.

 

Juvenal Vieira Krahá, da T. I. Krahá, próximo ao municí­pio de Itacajaí, no Tocantins, fala das dificuldades que seu povo vem passando, mas que tem esperança de melhorar. "O que mais nos atinge é a dificuldade em relação ao atendimento à  saúde e os grandes projetos que vão nos cercando, nos cercando até nos atingir", declara a liderança. Segundo ele, grandes plantações de soja vão chegando cada vez mais perto da terra indí­gena e os produtos utilizados nas plantações acabam poluindo as águas que seu povo usa. "Um exemplo é a Aldeia Nova, que o pessoal que tomava banho no rio perto das plantações de soja, de uma hora para outra começaram a ter alergias. A gente sabe que é por causa desses produtos que os fazendeiros jogam nas plantações", afirma.

 

A situação descrita por Juvenal é um fator que pode agravar situações ruins já vividas em relação à  doenças na comunidade e a falta de atendimento pela Funasa. "A Funasa é muito lenta. Nós não temos carro disponí­vel para buscar as pessoas doentes e quando temos, é sempre carro que logo está estragando. Outro problema grave é a falta de médico. Nós já pedimos várias e várias vezes um médico para atender às nossas comunidades, mas não temos. Até na cidade de Itacajaí é complicado, pois o médico lá só aparece dia sim, dia não", conta. De acordo com Juvenal, a falta de acompanhamento médico está causando também a morte de crianças recém-nascidas ou mesmo a morte delas ainda no útero da mãe. "Não há exames de pré-natal e as mulheres sofrem muito com isso. Sempre que procuramos ajuda, os órgãos inventam desculpas e nada melhora", desabafa.

 

Juvenal acredita que a construção de estradas melhores, que levam às aldeias, também melhoraria a situação. "As estradas que temos hoje, nem todo carro consegue passar. Assim fica complicado até se a gente conseguir médico, pois como ele vai fazer para chegar lá?", questiona.

 

Mas o líder Krahá ainda tem esperanças e acredita que as coisas podem mudar para melhor. "Já fizemos muita reunião aqui e na maioria das vezes, de nada adiantou, mas não podemos baixar a cabeça e parar de lutar. Temos que seguir em frente, porque se a gente não lutar, quem vai fazer, né?". Ele espera que a Assembleia seja um local de trocas de experiências, desabafos e um ponto de partida para conseguir as vitórias que seu povo precisa.

 

Maíra Heinen

De Palmas

Fonte: Cimi
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