20/05/2010

Informe nº 914: Indígenas realizam manifestações nos municípios de Guarajá-Mirim e Manicoré

Estudantes da Terra Indígena Sagarana ocupam escolas no município de Surpresa

 

Indígenas da aldeia Sagarana ocuparam na noite de ontem (19), os prédios das escolas São Judas Tadeu e Salomão Justiniano de Melgar, que oferecem Ensino Fundamental e Médio, respectivamente. As escolas ficam no distrito de Surpresa, a cerca de 350 km do município de Guajará-Mirim (RO). O grupo reivindica melhorias no ensino oferecido, como a contratação de novos professores, e a oferta de transporte escolar.

 

Há cerca de três meses, os 40 alunos indígenas, que pertencem aos povos Oro Mon, Oro Waram Xijein, Cao Oro Waje, Oro Nao’, Canoé, Makurap, Djeoromitxi e Aruá, estão sem ir às aulas por falta de transporte. O Ensino Médio é oferecido no período noturno e a escola fica a 7 km da comunidade de Sagarana..

 

Em meados de abril, alunos e pais da aldeia enviaram documentos à Secretaria de Educação do município reivindicando transporte. Até o momento nenhuma resposta foi enviada à comunidade. Diante do agravamento da situação, eles resolveram reivindicar que soluções urgentes sejam tomadas por parte do governo local.

 

Os problemas com acesso à educação na região de Guajará-Mirim são muitos. Não há implantação do Ensino Médio nas aldeias, e nas comunidades em que há o Ensino Fundamental, este funciona com muita precariedade. Além do transporte escolar, também faltam professores para as disciplinas de matemática, química, física e sociologia.

 

Uma comissão da Secretaria de Educação do estado está indo para Surpresa com o objetivo de conversar com os indígenas e negociar a saída deles dos prédios. A comissão é formada pela secretária Municipal de Educação, Sandra Mara Marangoni, pelo professor Miguel Oreyai e pelo deputado estadual Miguel Sena.

 

As lideranças indígenas, bem como a população do distrito de Surpresa, que sofrem diretamente com a falta de escolas e professores, afirmam que só desocuparão o prédio mediante a chegada do transporte escolar e a certeza da vinda dos professores que faltam.

 

Cimi Regional Rondônia/Equipe Guajará-Mirim

 

 

Em Manicoré, funcionários da Funai ficam presos em aldeia até audiência com Márcio Meira

 

Desde segunda-feira (17) estão sob poder dos indígenas, os servidores da Funai de Humaitá e Manaus Domingos Sávio dos Santos, Pedro Nazareno Oliveira da Silva e João Melo Farias.  "Eles continuam retidos na aldeia e só vão sair de lá quando a direção do órgão, em Brasília, atender nossas solicitações", diz Messias Dias Ferreira (Mura), que é professor na aldeia Ponta Natal, localizada no rio Mataurá, afluente do Madeira, no município de Manicoré (AM), distante da capital cerca de 330 Km.

 

Os indígenas reivindicam a abertura de um canal de diálogo respeitoso com a presidência da Funai; criação de uma Coordenação Regional do órgão em Manicoré com autonomia financeira e administrativa e que o titular dessa Coordenação seja indicado pelos indígenas da região.  

 

De acordo com o coordenador regional da Funai em Manaus, Edgar Fernandes Rodrigues, no próximo sábado, 22, o presidente Márcio Meira estará na cidade de Humaitá e lá pretende atender uma comissão formada por lideranças indígenas para buscar uma solução.  

 

Reação – A decisão de deter os funcionários da Funai pelas lideranças indígenas de Manicoré foi tomada durante a X Assembléia Geral da Organização dos Povos Indígenas Torá, Tenharin, Apurinã, Mura, Mundurucu, Parintintin e Pirahã, realizada de 16 a 18 de maio na aldeia Ponta Natal, no rio Mataurá. Cerca de 200 indígenas participavam do evento que foi promovido pela Organização Opittamp, formada por representantes indígenas destes povos.

 

Eles tiveram encontro com o presidente da Funai, Márcio Meira, em Manaus, no dia 14 de maio, e entregaram um documento contendo várias reivindicações, entre elas a criação de uma coordenação regional da Funai na cidade de Manicoré e não em Humaitá, também localizada ao sul do Amazonas, na região do rio Madeira.

 

Os indígenas argumentam que em Manicoré existem 44 aldeamentos indígenas; Sete povos indígenas; uma população superior e 3.500 indígenas e oito terras Indígenas demarcadas e outras 13 em processo de identificação e reconhecimento, localizada em sete calhas de rios diferentes. "Os indígenas ficaram revoltados porque não foram consultados nem ouvidos no processo de reestruturação da Funai, por isso estão retendo os servidores", disse Edgar Fernandes.

Fonte: Cimi
Share this:
Tags: