07/05/2010

Bispo de Floresta diz que população atingida por transposição do São Francisco está sofrendo

“O problema da transposição do Rio São Francisco, no Nordeste, tem muita semelhança com que está acontecendo no Pará, em relação à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. O Governo Federal simplesmente emite um decreto, de cima para baixo, e as coisas não são debatidas. As audiências públicas são apenas paliativos para dizerem que foram feitas, são pagos apenas 50 reais por hectare aos atingidos e assim, dessa forma, não há debate”, afirma o bispo de Floresta (PE), dom Adriano Ciocca Vasino, a respeito da transposição do Rio São Francisco, considerada uma das principais obras do Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo federal, na coletiva de imprensa de hoje, 5.

 

O bispo afirma que é justamente o território de sua diocese, que saem os dois eixos da transposição. “O eixo norte do Rio São Francisco sai do município de Cabrobó e o eixo leste sai do município de Floresta. Há obras em todas as partes do rio, os impactos ambientais são gravíssimos e as indenizações aos pequenos não estão chegando. Para nós, que estamos acompanhando as comunidades, estamos vendo o sofrimento estampado no rosto do povo”.

 

Dom Adriano se diz entristecido por ver um patrimônio nacional sendo descaracterizado. “O que vemos é que as pessoas não são ouvidas e o rio está sendo modificado aos poucos. Para passar o canal tem um desmatamento de 200 metros de largura dos dois lados, com mais de 600 quilômetros de comprimento, ou seja, são dois rasgos enormes na biodiversidade local”.

 

O bispo fala ainda do diálogo com representantes do Governo. “No início das obras conversamos com representantes do Ministério da Integração Nacional, que nos recebeu com muita cortesia e com muita atenção. Num segundo momento, quando eles perceberam que conversávamos com representantes das comunidades atingidas e os pequenos proprietários e estávamos organizando essas pessoas, o Ministério cortou totalmente o nosso contato. Só estamos em busca de uma melhor situação para os atingidos”, destacou.

 

CEBs

 

Falando sobre as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), dom Adriano Ciocca, membro responsável pelo Setor CEBs da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, da CNBB, elogiou o 12º Encontro Intereclesial das CEBs, realizado em julho de 2009, em Porto Velho (RO). “As comunidades receberam um impulso, um ânimo com o 12º Intereclesial. Foi uma experiência linda de convivência e comunhão entre todos os que vivem um caminho de fé. Aqui no Brasil temos a sorte de ter inúmeras comunidades de bases atuando na evangelização, seja em uma comunidade, seja em um bairro, favela ou qualquer outro canto, sempre há uma comunidade atuando nas bases, o que nos deixa muito feliz”, destacou dom Adriano Ciocca, bispo de Floresta.

 

Fonte: CNBB
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