22/04/2010

Informe nº 910: Belo Monte – após leilão, indígenas não paralisam as manifestações

Dois dias depois de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizar o leilão da concessão para construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, povos indígenas da região do Xingu iniciam novos protestos.  Em São José do Xingu, no Mato Grosso, indígenas Kayapó paralisaram a travessia de balsa que liga a cidade a outros municípios do estado e também do Pará. Por dia, cerca de 60 caminhões, 30 veículos de passeio e ônibus usam os serviços da embarcação.

 

Em ofício enviado ao coordenador substituto da Fundação Nacional do Índio (Funai), que no documento está idenfiticado apenas com o nome de Sebastião, as lideranças informam que caso o leilão de Belo Monte viesse a acontecer, ele paralisariam as balsas por tempo indeterminado. Eles também afirmam que o governo não respeita os direitos dos índios e quer leiloar Belo Monte de qualquer maneira. "Nós indígenas respeitamos os brancos, mas os brancos não querem nos respeitar", dizem na carta.

 

Em 2009 os indígenas já haviam paralisado a travessia, também em protesto contra Belo Monte, liderados por Raoni Metuktire.

 

Esta não é a única manifestação a se realizar pelos povos do Xingu. Mais de 25 famílias indígenas do povo Xikrin estão se encaminhando para a ilha denominada sítio Pimental, onde será construído o paredão da barragem da hidrelétrica de Belo Monte. Um ônibus com indígenas também deve sair hoje de Altamira e se encaminhar para o local. Os indígenas devem chegar à região amanhã, 23 de abril.

 

Semana do índio

 

Em carta publicada pelo jornal Valor Econômico, indígenas se colocam contra a usina. "Não aceitamos a hidrelétrica de Belo Monte porque entendemos que ela só vai trazer mais destruição para nossa região. Não estamos pensando só no local onde querem construir a barragem, mas em toda a destruição que a barragem pode trazer no futuro: mais empresas, mais fazendas, mais invasões de terra, mais conflitos e mais barragem depois. Do jeito que o homem branco está fazendo, tudo será destruído muito rápido. Nós perguntamos: o que mais o governo quer? Pra que mais energia com tanta destruição?", declaram na carta.

 

Eles também ressaltam que o leilão foi um grande desrespeito por parte do governo. "Um exemplo dessa falta de respeito é marcar o leilão de Belo Monte na semana dos povos indígenas", ressaltam. Ao final da carta, eles afirmam que estão fortez e prontos para lutar contra Belo Monte. A carta é assinada pelas lideranças cacique Bet Kamati Kayapó, cacique Raoni Kayapó e Yakareti Juruna.

Fonte: Cimi
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