14/04/2010

Carta de Repúdio da Rede Brasileira de Educação Ambiental sobre a UHE Belo Monte

Rede Brasileira de Educação Ambiental (Rebea), em 14/04/2010

 

Nós educadores e educadoras ambientais deste país vimos por meio desta nos posicionar e manifestar, enquanto coletivo, com relação à UHE de Belo Monte.

 

Com maturidade e responsabilidade, nos posicionamos contrários a construção de Belo Monte.  Salientamos que, à medida que a população brasileira se conscientiza em relação à importância da preservação socioambiental, seremos capazes de constituirmo- nos em cidadãos capazes de demandar menos energia e de redução significativa do desperdício.  Podemos somar esforços e, conjugada e coletivamente, pensar num futuro sustentável para o Brasil.

 

A situação ambiental que vivemos vem piorando e se tornando extremamente crítica em vários pontos e setores da sociedade brasileira.  A cultura do "progresso" ainda não conseguiu suplantar as desigualdades e a idéia de que

 

o crescimento do país está necessariamente associado a sua destruição social, ambiental e étnica.  Nós educadores e educadoras ambientais deste país, almejamos e trabalhamos para uma sociedade constituída em bases sustentáveis, que nos faça ter orgulho da herança e da memória que deixaremos à nossos filhos e netos.

 

Queremos registrar assombro e consternação diante do tamanho do impacto social, étnico e ambiental que se antevê para Belo Monte: estragos de proporções cataclismáticas, desnecessárias e estapafúrdias, em um momento onde o mundo pensa em soluções na direção contrária.

 

Há o sincero risco de se desestabilizar a milenar harmonia do rio Xingu e suas gentes, principalmente os povos indígenas que ali aprenderam a respeitar a Terra e a viver com ela e não contra ela – como estamos fazendo com este péssimo exemplo.

 

Alertas em oposição à obra vem de diversos setores, aos quais nos alinhamos, neste momento.  Entre eles estão cientistas, institutos de pesquisa e movimentos ambientalistas, indigenistas e sociais.  Muitos questionam o empreendimento do ponto de vista de seus custos e benefícios e perguntam: A quem se remetem os custos?  E a quem se remetem os benefícios?

 

Enquanto isso, parece que há um certo comodismo conformista por parte da sociedade brasileira.  Talvez estejamos paralisados, inertes, esperando por algo que virá impávido e infalível, como Muhammed Ali.  Mas alertamos: não virá.  Estamos diante de nosso Destino e o devemos assumir com nossas mãos, corações e mentes.

 

Não há limites para os desastres da ganância embutida no desenvolvimento a qualquer custo.  Um desenvolvimento excludente e desigual que não pergunta: desenvolver para quem?  E privilegia, muitas vezes, os mais abastados da sociedade brasileira.  Por que Belo Monte?  Para quem Belo Monte?  São perguntas que orbitam a mente dos educadores e educadoras ambientais deste país, personagens- cidadãos da esperança; profissionais indispensáveis para a construção de uma cultura e uma sociedade sustentável.

 

Saudações Ecofraternas

 

Fonte: Amazonia.org.br
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