Em São Paulo, Cimi trabalha Semana dos Povos Indígenas 2010: Terra – Mercadoria ou Vida?
A população indígena que hoje habita as periferias da Grande São Paulo está em torno de 12 mil habitantes. Entre os problemas que enfrentam, está o reconhecimento de sua identidade indígena por parte da sociedade e dos órgãos públicos, a falta de moradia digna, o desemprego e os baixos salários, a violência, a deficiência no atendimento à saúde e educação, entre outros.
Nesse sentido, em suas ações, o Cimi, na Grande São Paulo, tem buscado, prioritariamente, a garantia de que sejam efetivadas políticas públicas que atendam às demandas dos vários povos, considerando sua especificidade cultural e étnica. Para a entidade, mesmo vivendo na cidade, os Povos Pankararu, Pankararé, Fulni-ô, Kaingang, Terena, Wassu Cocal, Kaimbé, Xukuru, Kariri Xocó, Tupi Guarani, Guarani Mbyá, Guarani Nhandeva, Potiguara, Atikun, Kaiapó, Pataxó e tantos outros não deixam de ser indígenas e de ter seus direitos garantidos como qualquer outro povo vivendo
Assim, ações foram e estão sendo implementadas em relação à política de atendimento à saúde e educação e a busca de formas alternativas de geração de renda, com a realização de encontros de formação, articulação e proposição. Iniciativas se dão no âmbito da economia solidária, com a participação de indígenas em feiras, oficinas e Conferências de Economia Solidária e em projetos de agricultura urbana e de artesanato, o que lhes garante, além do cultivo das tradições culturais, apoio na geração de renda.
Indígenas e Campanha da Fraternidade 2010
A Semana dos Povos Indígenas 2010, em sintonia com a temática abordada pela CF ecumênica de 2010, enfatiza o tema: “Terra – Mercadoria ou Vida?”. Com isto, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) quer contribuir com o debate, em toda sociedade, propondo uma reflexão em torno do modelo de desenvolvimento econômico imposto ao Brasil e suas consequências para os mais de 240 povos que lutam pela garantia de seus direitos fundamentais.
Segundo dados do Cimi, a população indígena no Brasil está estimada em mais de 800 mil pessoas que vivem em realidades sociais bem distintas, desde povos em situações de isolamento até os que vivem nas periferias das grandes cidades, como é a realidade dos indígenas que vivem na Grande São Paulo. Se considerarmos as grandes contribuições desses povos à nossa sociedade, vamos encontrar entre seus ensinamentos o de saber conviver com a terra, tratando-a com respeito, cuidado e profundo zelo. Por isso, seu modo de viver e sua resistência, questionam o modelo capitalista gerador de desigualdade social, acúmulo, disputas econômicas, a competitividade e a busca desenfreada pelo lucro.
Os indígenas, em sua diversidade cultural e étnica, são geradores de maneiras diferentes de organizar o trabalho, a produção e de projetar o futuro, o que garante que se construam alternativas de vida múltiplas, demonstrando que existem variadas formas de ser e estar no mundo. Como destaca o material sobre a Semana dos Povos Indígenas 2010, feita pelo Cimi Nacional, as relações de “bem viver” e reciprocidade são fundamentais para esses povos. São pessoas que sonham em construir um lugar de paz e de fartura. Seu projeto de vida aponta para “novos rumos do projeto de humanidade, porque suas metas são: a cidadania contra a hegemonia e a exclusão; a partilha contra a acumulação; a liberdade de iguais em sua diferença; a autodeterminação”.
O Cimi também denuncia os governos que privilegiam os mega-investimentos, os grandes projetos como as barragens e hidrelétricas, a exploração mineral e as monoculturas que degradam o meio ambiente, envenenam a terra, as águas e os demais seres vivos. E convida a todos/as a somar forças com as lutas dos povos indígenas, de modo especial, pela demarcação de suas terras, condição indispensável a sua sobrevivência física e cultural e a busca por políticas públicas que atendam às suas demandas específicas.
Para marcar a Semana dos Povos Indígenas, diversas atividades foram organizadas pela equipe do Cimi SP, em conjunto com a Pastoral Indigenista e órgãos públicos que apóiam a causa indígena. Confira, abaixo, a programação na cidade de Osasco.
4ª. SEMANA DOS POVOS INDÍGENAS DE OSASCO
O Povo Pankararé na luta por seus direitos
Seminários, apresentações indígenas, exposição e comercialização de artesanatos
Dia 15 e 16/04 – 5ª. e 6ª. . feira
Atividades sobre indígenas em Osasco com alunos de escolas públicas, incluindo exposição de fotos, artesanato indígena e dança tradicional.
Local: Casa de Angola, Rua Visconde de Nova Granada, 513.
Horário: das 9h às 16h. orárHo
Dia 18/04 – Domingo
Encontro do Povo Pankararé e indígenas da Grande São Paulo com apresentações culturais, cantos, danças indígenas, exposição de fotos, comercialização de produtos indígenas e alimentação típica do Povo Pankararé.
Local: Casa de Angola, Rua Visconde de Nova Granada, 513.
Horário: das 9h às 16h.
De 19/04 a 25/04 – 2ª. feira a domingo
Atividades culturais: exposição e comercialização de produtos indígenas, fotos, vídeos, danças indígenas.
Local: Osasco Plaza Shjopping – Rua Tennete Avelar Pires de Azevedo
Horário: das 10h às 22h.
Dia 20/04 – 3a. feira
Seminário: “A contribuição dos povos indígenas para a sociedade brasileira”.
Expositores: Benedito Prezia, doutor em Antropologia pela PUC-SP e autor de livros paradidáticos sobre a questão indígena; Maria Cícera de Oliveira, do Povo Pankararu e formada em Letras pela PUC-SP; Joilda Pereira da Silva, do Povo Pankararé e estudante de Pedagogia da PUC-SP.
Apresentação cultural do Povo Pankararé
Local: Centro de Formação dos Profissionais de Educação, na Avenida Marechal Rondon, 263, Centro.
Horário: das 19h às 21h. orárHo
Dia 22/04 – 5a. feira
Seminário: “O Povo Pankararé em Osasco: origem, trajetória e desafios das Políticas Públicas para os povos indígenas na cidade”.
Expositores: Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Inclusão, Indígenas Pankararé e Cimi SP.
Local: Centro Público de Economia Solidária – ao lado da Prefeitura Municipal de Osasco.
Horário: das 9h às 13horárHo
Dia 29/04 – 5a. feira
Seminário: “Povos Indígenas hoje: perspectivas e desafios”.
Expositores: Benedito Prezia, doutor em Antropologia pela PUC-SP; Beatriz Catarina Maestri, mestre em Antropologia pela UFSC e agente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI); Maria Cícera de Oliveira, do Povo Pankararu e formada em Letras pela PUC-SP.
Apresentação de dança Pankararé
Exposição e comercialização de artesanato indígena
Local: UNIFIEO Av. Franz Voegeli, 300 – Vila Yara.
Horário: das 19h às 21h
Realização: Prefeitura de Osasco, Conselho Indigenista Missionário de São Paulo e Pastoral Indigenista.
Apoio: Osasco Plaza Shopping e UNIFIEO.
Beatriz Catarina Maestri e Vanessa Ramos
Missionárias do Cimi SP