09/02/2010

Crianças indígenas do Pará terão material didático bilíngue

Com o objetivo de promover educação escolar diferenciada para crianças indígenas que cursam da 1ª a 4ª série do ensino fundamental a Coordenadoria de Educação Escolar Indígena Infantil – Ceind, da Secretaria de Estado de Educação – Seduc, oferece oficina para produção de material didático específico. Por meio da utilização de línguas maternas e processos próprios de aprendizagem a oficina foi realizada entre os dias 10 e 21 de janeiro, no auditório do Complexo Parque dos Igarapés em Belém – PA. Participaram os alunos da Escola Itinerante de Formação de Professores Índios dos municípios de Marabá, Oriximiná, São Félix do Xingu, Santarém e da capital paraense.

O material elaborado servirá de base para o ensino nas 116 escolas indígenas, 11 da rede pública estadual e 105 municipais. “Vamos reunir tudo o que já estava sendo produzido nas unidades de ensino indígenas nos livros a serem distribuídos pelo governo do estado”, diz a coordenadora da Ceind Puyr Tembé. Puyr complementa ao enfatizar o ineditismo da iniciativa. “É a primeira vez que acontece a oficina no Pará. Reunimos 35 alunos do curso de formação de professores indígenas, promovido pela Seduc em parceria com o Ministério da Educação”, declara.

O índio Takaktyx Kayapó participou da oficina e considerou fundamental a iniciativa por ajudar na preservação da língua materna dos povos indígenas e superar a dificuldade dos alunos com a língua portuguesa. “Algumas crianças da nação Kayapó têm dificuldades com a pronúncia de certas palavras como papai e mamãe”, explica.

O resultado da oficina é a publicação de livros didáticos bilíngües para o ensino fundamental das escolas indígenas do Pará. O material será impresso em língua portuguesa e na língua nativa dos alunos pertencentes às etnias: Assurini, Caiapó, Jaraqui, Mundurucu, Suruí, Tembé, Tupaiu e Wai Wai. A coordenadora ressalta que o conteúdo dos livros está voltado para a realidade das crianças indígenas paraenses. “Por meio deles, os alunos conhecerão em sua língua nativa a história e a cultura dos povos indígenas, além de serem alfabetizados”, assegura.

Puyr Tembé espera que, em breve, todas as escolas da rede pública estadual possam também ter acesso ao material para romper com a imagem criada sobre a população indígena.“Não somos apenas seres humanos que vivem com arco e flecha na mão e o corpo pintado. A sociedade precisa conhecer a nossa história e saber que tem índio advogado, professor, como qualquer outra pessoa”, esclarece.

Entre os dias 23 de janeiro e 05 de fevereiro de 2010, a Ceind promove curso de formação voltado para os profissionais e técnicos de apoio à educação escolar indígena. Na ocasião, será apresentado o material elaborado durante a oficina.
 
Por Valena Oliveira com informações da assessoria de comunicaçâo da Seduc

Fonte: Observatório Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - SEDH
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