Mais de 500 indígenas fazem manifestação em frente à Funai contra decreto
Nesta terça-feira, 12, cerca de 500 indígenas de diferentes povos fecharam a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Brasília. Eles pedem a revogação do Decreto 7.056, publicado no dia 28 de dezembro de 2009, e a saída do presidente do órgão, Márcio Meira, juntamente com sua equipe. O decreto, fere a Convenção 169 da OIT, que determina a consulta prévia aos indígenas em relação aos assuntos que os afetam direta e indiretamente.
Caboquinho Potiguara, porta-voz dos manifestantes e um dos líderes da delegação de índios do nordeste, diz que a intenção já não é mais falar com Meira. “Quando era preciso conversar com os índios, ele não falou. Agora ele quer que formemos uma pequena comissão para conversar com ele. Nós não queremos mais. A intenção é falar com o Ministro da Justiça, Tarso Genro, e vamos pedir a saída do presidente da Funai”.
De acordo com Caboquinho, os indígenas acreditam que seja necessária uma mudança na Funai, mas não deve ser feita dessa forma, sem consultar os indígenas. “É preciso escutar as nossas necessidades e com este decreto estamos sendo prejudicados”. Os indígenas pretendem ficar em Brasília até conseguir que seus objetivos sejam alcançados. “Viemos equipados com muita comida, água e tudo que precisarmos para conseguir o que queremos”, avisou.
À tarde, os indígenas se dirigiram ao Ministério da Justiça, onde pretendiam se reunir com Genro, mas o ministro está viajando. Depois de danças, rituais, protestos e faixas em frente ao ministério, eles voltaram para a sede da Funai.
Amanhã os indígenas farão uma plenária às 10h da manhã para decidir novos encaminhamentos. A intenção é falar com o presidente Lula.
Para o Cimi, a presente mobilização é consequência da falta de diálogo do governo brasileiro com os povos indígenas no período anterior à edição do decreto de reestruturação da funai.