17/11/2009

CIMI recebe prêmio de direitos humanos na Alemanha

O Conselho Indigenista recebeu, no dia 14 de novembro, o prêmio Victor Gollancz, da entidade alemã Associação para Povos Ameaçados (GfbV). A organização de Direitos Humanos Memorial da Rússia também foi premiada.

 

“A pesar dos riscos de vida, tanto os membros de Memorial quanto do CIMI enfrentam a arbitrariedade do Estado e os poderosos interesses econômicos, mesmo se muitas vezes são deixados sozinhos pelos parlamentos e governos dos estados democráticos”. Assim homenageou o presidente da GfbV, Tilman Zülch, o engajamento do defensores dos Direitos Humanos das duas entidades.

 

O CIMI recebeu o prêmio pelo trabalho em prol dos povos indígenas, desde 1972. Zülch explica a motivação: “Conhecemos o trabalho do CIMI há décadas. A documentação meticulosa da situação do direitos humanos do povos indígenas do Brasil, a luta corajosa para esses direitos, e o engajamento pessoal, muitas vezes com risco para a própria vida, têm nos impressionado sempre e incentivado para agir também.”

 

Ele destacou ainda que o CIMI, desde sua fundação, tem tratado os indígenas como capazes e iguais “defendendo de forma consequente os mais vulneráveis da sociedade brasileira”.

 

“No Brasil, os interesses econômicos e políticos continuam triunfando sobre os direitos humanos e os direitos indígenas”, comentou o secretário executivo do CIMI, Eden Magalhães, no seu agradecimento. “Isto explica por que o nosso país seja um dos países com maior desigualdade social”, informou.

 

Memorial

O Mmorial da Rússia, que também foi premiado, foi fundado em 1989 pelo Andrej Sacharov, ganhador do prêmio Nobel. O Memorial luta para os direitos humanos na Rússia, enfrentando diariamente, por causa disto, ameaças de morte. Em 2009 já foram assassinados dois membros: as jornalistas Anna Politkovskaya e Natalya Estemirova.

 

“Se violações de Direitos Humanos são negligenciados por outros países por motivos diplomáticos, eles ajudam os assassinos de Anna e Natalya”, disse o presidente de Memorial, Oleg Orlow, no seu agradecimento. “Precisamos de um ambiente público, transparente e respaldo político contínuo dos países democráticos para nosso trabalho, não apenas expressões pontuais de compaixão”.

 

O prêmio Victor Gollancz

O prêmio leva o nome de Victor Gollancz, uma pessoa que, por toda a sua vida, lutou pelos direitos humanos. Ele começou sua luta nos anos trinta, contra os nazistas mesmo antes de Hitler tomar o poder. Fez isso documentando a violência e as violações por parte dos nazistas, denunciando sua política de exclusão e extermínio. Publicou, inclusive, um livro de denúncia com ampla documentação e fotografias.

 

Dessa forma, ele atuou como CIMI tem atuado, na defesa dos povos indígenas: denunciando as injustiças que eles sofrem e publicando, a cada ano, o relatório de Violência contra os povos originários do Brasil.

 

Desde o ano 2000 foram homenageados com o prêmio: as Mães de Srebrenizca na Bosnia, as Mulheres do Vale de Barzan, no Iraque, o ativista de direitos humanos russo Sergej kowaljow, e doutora Halima Bashir, de Darfur. 

Fonte: Conselho Indigenista Missionário / GfbV
Share this: