05/04/2022

Cimi rumo aos 50 anos: o caminho da missão é o caminho das aldeias

Para a equipe do Cimi, foram dois dias de convivência agradável que marcaram o retorno das atividades da equipe aos territórios nesse período pandêmico

Ritual do Rurut, ou ritual da esteira, na Terra Krikati. Foto: Fábio Costa/Cimi – MA

Por Rosana Diniz, do Cimi Regional Maranhão

Nos dias 1 e 2 de abril, a equipe do Conselho Indigenista Missionário – Regional Maranhão (Cimi-MA) esteve na Terra Krikati, na comunidade Arraia, em apoio e prestígio ao ritual do Rurut ou ritual da esteira. Sob a liderança do cacique Amadeus e sob a coordenação cultural do professor Milton Krikati, receberam parentes das outras comunidades Krikati. Alegria e tristeza se misturaram nesse momento, tanto pelo luto que o povo atravessa pela perda de pessoas Krikati quanto pela celebração e preparação de jovens mulheres e homens que vivenciarão novos ciclos nessa sociedade – de iniciação à vida adulta.

Para a equipe do Cimi, foram dois dias de convivência agradável que marcaram o retorno das atividades da equipe aos territórios nesse período pandêmico. As rodas de conversa à noite, com as lideranças Milton, Amadeus e Lourenço, trouxeram temas e desafios do contexto dos Krikati, como a organização indígena, as questões do território e do fortalecimento da cultura. Abraços e reencontros foram significativos para a equipe e para os Krikati.

Todo o ritual foi marcado por vários ritos, e se iniciou com a reclusão de jovens em suas casas por até 3 meses. O ritual termina quando esses jovens saem dessa reclusão, são pintados, adornados, presenteados e carregados até o pátio, para que todos os vejam e testemunhem o cumprimento do rito.

Ritual do Rurut, ou ritual da esteira, na Terra Krikati. Foto: Fábio Costa/Cimi – MA

As famílias ficam alegres ao receberem parentes e convidados. Muita conversa, cantos no pátio, partilha de farofas e corridas de toras marcaram esse momento, que, nas palavras do professor Milton e Tereza Krikati, preparam os jovens para o cotidiano do povo, conferindo-lhes autonomia, por meio de um processo de formação e compressão cultural de iniciação à vida adulta.

A equipe pôde também testemunhar as violações cometidas contra o território e as pessoas durante as conversas, como a permanência das fazendas próximas da aldeia Arraia, que representam o confinamento, a violência e as ameaças aos indígenas, bem como o retorno de pessoas que já foram indenizadas e deveriam estar fora do território Krikati. Assim, ritual e território se articulam numa complementariedade necessária e vital: o território fornece os recursos naturais necessários para realização dos rituais. As fazendas representam a escassez desses adornos e limitam as riquezas dos rituais, que o território poderia oferecer em permanente abundância. Mas Amadeus aponta a estratégia: reflorestar. Nós acrescentamos: é necessário e urgente!

Pela finalização da desintrusão do território Krikati já!

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