09/12/2025

Indígenas de Belo Horizonte reforçam resistência à mineração e denunciam retrocessos ambientais, em encontro de lideranças

Durante o encontro, realizado no final de novembro, foi realizada a inauguração de uma cozinha comunitária — gesto concreto de autonomia, cuidado e esperança para as futuras gerações

Encontro de lideranças indígenas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). Foto: Cimi Regional Leste

Encontro de lideranças indígenas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). Foto: Cimi Regional Leste

Por Assessoria de Comunicação do Cimi, com informações do Cimi Regional Leste

O encerramento da COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças), marcada pela falta de avanços concretos no enfrentamento aos combustíveis fósseis, coincidiu com um retrocesso ambiental no Brasil. A derrubada de 52, dos 59 vetos do presidente Lula ao Projeto de Lei (PL) que elimina ou flexibiliza regras para o licenciamento ambiental, também ameaça territórios indígenas e quilombolas. O texto é chamado de “PL da Devastação” devido sua gravidade.

Diante desse cenário, as comunidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) reafirmam sua resistência ao modelo extrativista predatório da mineração — resistência que carrega a memória viva do crime da Vale em Brumadinho, que tirou 272 vidas e devastou o Rio Paraopeba. Para essas comunidades, “flexibilizar leis ambientais é abrir caminho para que novas tragédias se repitam”.

“Flexibilizar leis ambientais é abrir caminho para que novas tragédias se repitam, apontam os indígenas”

Encontro de lideranças indígenas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). Foto: Cimi Regional Leste

Encontro de lideranças indígenas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). Foto: Cimi Regional Leste

Em 29 de novembro deste ano, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Leste realizou um encontro de lideranças indígenas que aprofundou essa caminhada coletiva, reafirmando a resistência como eixo central das lutas presentes e históricas. Durante roda de conversas foram denunciadas violências simbólicas, espirituais e institucionais, além do descaso com direitos básicos, como o acesso à água potável e à energia elétrica nas aldeias.

O vice-cacique Tehê (Naô Xohã Arakuã) destacou a memória ancestral da água e da terra, reforçando que “a força dos povos está na unidade — especialmente diante de constantes tentativas de divisão”. Também ressaltou que “a comunicação é um território estratégico de disputa, no qual a juventude indígena desempenha papel fundamental na defesa de direitos e no enfrentamento à desinformação”, completa o cacique.

“A força dos povos está na unidade, especialmente diante de constantes tentativas de divisão”

Encontro de lideranças indígenas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). Foto: Cimi Regional Leste

Encontro de lideranças indígenas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). Foto: Cimi Regional Leste

Durante o seminário foi realizado atividades em grupos, os quais apresentaram propostas e as organizaram nos eixos: Formação, Comunicação e Resistência. Listando ainda as urgências para a garantia de direitos dos povos.

A criação de um Centro de Referência Indígena em Belo Horizonte; o fortalecimento das universidades indígenas; o registro e preservação das memórias dos povos; a ampliação da mídia indígena; maior articulação com movimentos aliados e instituições de defesa de direitos, então entres os itens elencados.

“A comunicação é um território estratégico de disputa, no qual a juventude indígena desempenha papel fundamental na defesa de direitos e no enfrentamento à desinformação”

Encontro de lideranças indígenas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). Foto: Cimi Regional Leste

Encontro de lideranças indígenas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). Foto: Cimi Regional Leste

O encontro foi encerrado com a inauguração de uma cozinha comunitária — gesto concreto de autonomia, cuidado e esperança para as futuras gerações.

Além de reunir lideranças indígenas, o encontro contou com a participação de diversos parceiros e aliados, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (Insea), o Kaipora – Laboratório de Estudos Bioculturais, o Colégio de Ensino Superior Dom Helder, a Cáritas Brasileira e instituições do sistema de justiça, entre elas o Ministério Público Federal, representado pelo procurador da República Herder Magno. A presença dessas organizações reforçou mais um passo importante na luta pelos direitos e na resistência das comunidades indígenas da região.

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