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Indígenas do Maranhão ocupam DSEI durante Semana de Luta dos Povos

Semana de Luta: pelo direito de viver em nossos Territórios, articulada pela Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão, reúne indígenas de diferentes territórios. Foto: Jesica Carvalho/Cimi Regional Maranhão

Por Jesica Carvalho, da Assessoria de Comunicação do Cimi Regional Maranhão

No romper do sol dessa segunda-feira (27), caravanas de todas as regiões do estado do Maranhão reuniram-se às margens da rodovia MA-203 para reivindicar o direito do povo indígena Tremembé da Raposa à Terra Indígena (TI) Caura (MA). A mobilização iniciou a Semana de Luta: pelo direito de viver em nossos Territórios, articulada pela Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão, sendo seguida pela ocupação dos indígenas no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), em São Luís (MA).

Kum’tum Akroá Gamella explica que a ocupação do DSEI tem o objetivo de dialogar com os entes públicos sobre as situações em que a saúde pública diferenciada é negada aos povos indígenas. “No nosso território, tem mulheres que vão dar à luz e têm a sua ancestralidade indígena questionada, sabemos que com uma equipe multidisciplinar isso cessaria”, pontua, acrescentando que “essa questão atinge todo o povo brasileiro, mas quando se trata de povo indígena, o preconceito é triplicado”.

“Essa questão atinge todo o povo brasileiro, mas quando se trata de povo indígena, o preconceito é triplicado”

Durante Semana de Luta, povos indígenas ocuparam o DSEI, no Maranhão. Foto: Jesica Carvalho/Cimi Regional Maranhão

Participam da Semana de Luta os povos Awá, Pyhcop Cati Ji/Gavião, Krikati, Krenyê, Ka´apor, Kariu Kariri, Akroá Gamella do Maranhão e do Piauí, Anapuru Muypurá, Wapichana, Tremembé de Engenho e de Raposa, Apanjêkrá-Canela, Memortumré-Canela e Tupinambá.

A TI Caura, território ancestral do povo Tremembé de Raposa (MA), já foi solicitada à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em seu processo de demarcação. Mas, até o momento, não teve a sua homologação efetivada pela instituição, deixando brecha para a construção de diversos empreendimentos nesse território.

De acordo com Tünycwyj Tremembé, a mobilização no Caura, junto aos demais tecedores e tecedoras da Teia, é importante, pois essa articulação fortalece a luta pelo território. “É uma forma de enaltecer a visibilidade de quem, por inúmeras vezes, foi silenciado e teve a sua presença violada no seu próprio lugar de viver”, destaca.

“É uma forma de enaltecer a visibilidade de quem foi silenciado e teve a sua presença violada no seu próprio lugar de viver”

DSEI-MA ocupado pelos povos indígenas, que reivindicam melhorias na saúde. Foto: Jesica Carvalho/Cimi Regional Maranhão

Em relação à Semana de Luta, Rosa Gregório, do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco (Miqcb), afirma que a luta pelos territórios é uma luta de todos. “Nós sabemos que sem território livre não há coco babaçu”, ressalta.

Após a mobilização na TI Caura, as caravanas dividiram-se em dois grupos, o primeiro, dos povos indígenas, foi ao DSEI-MA; o segundo, das demais comunidades, foi à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Ambas instituições estão ocupadas.

Para Gilderlan Rodrigues, da Coordenação Colegiada do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – Regional Maranhão, o movimento, articulado pela Teia, é um momento pensado para os povos apresentarem suas pautas em relação aos seus territórios. “É nos territórios que os povos garantem o seu Bem Viver, a sua continuidade a partir da resistência”.

A programação da semana segue, nesta terça-feira (28), com mais mobilizações.