- Cimi - https://cimi.org.br -

Apib lança bancada com candidatos indígenas pela primeira vez

Assessoria de Comunicação da Apib

Por Assessoria de Comunicação da Apib [1]

Pela primeira vez na história do pleito eleitoral no Brasil, uma Bancada Indígena disputa as eleições gerais de forma coordenada, a partir das indicações das organizações indígenas de base: nesta segunda-feira, 29.08, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) apresenta 30 candidaturas de todas as regiões do País e de 31 povos. O lançamento acontece de forma online e pode ser acessado pelo instagram (@campanhaindigena e @apioficial) e pelo site campanhaindigena.info

Os candidatos são apoiados pela Campanha Indígena 2022, projeto da Apib para Aldear a Política [2] que é voltado à formação, articulação e construção de estratégias de luta política para ocupação de espaços de decisão e representatividade na sociedade brasileira por lideranças indígenas.

Do total de postulantes indígenas, 12 candidaturas concorrem a vagas de deputado federal e 18 a cadeiras em Assembleias de 20 estados diferentes. A maior quantidade de candidatos apoiados pela Campanha Indígena está concentrada nos Estados que integram a Amazônia Legal, nas duas esferas de disputa proporcional e tiveram a indicação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

“Do total de postulantes indígenas, 12 candidaturas concorrem a vagas de deputado federal e 18 a cadeiras em Assembleias de 20 estados diferentes”

As indicações foram realizadas pelas organizações regionais de base que compõem a Apib [3]. Além da Coiab, integram a articulação o Conselho do Povo Terena, a Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), Grande Assembléia do povo Guarani (ATY GUASU), a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (ARPINSUDESTE) e a Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpin Sul).

A aposta dos povos indígenas na disputa pela institucionalidade, segundo Dinaman Tuxá, um dos coordenadores executivos da Apib, é um projeto político que não se resume ao período eleitoral, englobando a construção da participação de lideranças de maneira contínua, a partir de processos formativos, da articulação de base dentro da agenda de prioridades dos povos indígenas.

“Entendemos a Campanha Indígena como um programa mais estruturante, onde a bancada de candidaturas apresentada integra parte do nosso projeto de fortalecimento de participação política por meio da disputa eleitoral. Precisamos ocupar os espaços de decisão e direcionarmos as políticas públicas de acordo com o que pensamos para nosso futuro”, afirma Tuxá.

“Precisamos ocupar os espaços de decisão e direcionarmos as políticas públicas de acordo com o que pensamos para nosso futuro”

Segundo o coordenador político da Campanha Indígena e coordenador executivo da Apib, Kleber Karipuna, o fortalecimento de lideranças passa necessariamente pela identificação, acompanhamento, mentoria e capacitação aos que apresentem interesse, compromisso e empenho em levar adiante a pauta da representatividade na política, assim como de defesa de direitos e dos territórios indígenas.

A Campanha Indígena vem fortalecendo as candidaturas eleitas pelo movimento por meio do apoio em relação à divulgação, estratégia e comunicação visual, além do suporte jurídico.

O movimento vem se desenhando desde 2017, com o lançamento de uma carta aberta (“Por um parlamento cada vez mais indígena” [4]) em defesa da identidade e ancestralidade indígena como resistência a um projeto de dizimação de um país multicultural e denunciando a paralisação da política de segurança territorial com a morosidade nas demarcações de terras, à época.

“O fortalecimento de lideranças passa necessariamente pela identificação, acompanhamento, mentoria e capacitação aos que apresentem interesse”

Em 2020 [5], outra carta aberta assinada pelas organizações, trouxe uma visão geral dos povos indígenas sobre a disputa política no País. Com o mote “Demarcando as urnas” e o slogan “Vamos aldear a política” [2], a mobilização de 2022 se configura como pioneira em termos de construção de coletiva de base.

O coordenador político da Campanha Indígena, Kleber Karipuna, destaca que o movimento indígena discute e debate política desde sempre, que resultaram na articulação das lideranças para chegar a candidaturas de consenso.

 

Histórico

As Eleições de 2022 já figuram como um marco histórico para os povos originários com o maior número de candidatos autodeclarados indígenas, desde 2014, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), passou a registrar a classificação de raça: são 182 até o momento, segundo a página de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais (DivulgaCand): https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/2022.

Desse total, 108 são candidatos a deputado estadual; dois a deputado distrital; 58 concorrem à Câmara Federal; quatro disputam o cargo de Senador; dois como 1º suplente e um como 2º suplente; além de quatro candidaturas como vice-governador e dois como governador, caso dos estados do Amazonas e Bahia. Uma candidatura à vice-presidência completa o quadro atual.

Em 2018, o TSE registrou 133 candidaturas indígenas iniciais e em 2014, 85 antes do deferimento. Segundo o Censo de 2010, último realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 897 mil indígenas, pertencentes a 305 povos e 274 línguas diferentes, o equivalente 0,5% da população brasileira.

“Em 2018, o TSE registrou 133 candidaturas indígenas iniciais e em 2014, 85 antes do deferimento”

O primeiro indígena eleito no Brasil, que o movimento indígena tem registro, foi Manoel dos Santos, seu Coco, do povo Karipuna, em 1969. Ele ocupou o cargo de vereador na cidade de Oiapoque, no Amapá.

Em 1976, o Cacique Angelo Kretã ganhava uma cadeira na Câmara Municipal de Mangueirinha (PR), após lutar na Justiça pelo direito de candidatar-se.

Já o primeiro prefeito indígena eleito, registrado pelo movimento indígena, foi no ano de 1996. João Neves, do povo Galibi-Marworno, comandou o executivo do município de Oiapoque, no Amapá.

Mário Juruna se elegeu pelo PDT/RJ em 1982, seis anos depois os direitos indígenas terem sido reconhecidos na Constituição Federal.

Em 2018, Sonia Guajajara, que era coordenadora executiva da Apib foi candidata ao cargo de vice-presidente em um processo que contribuiu para um aumento de lideranças entrando para disputa eleitoral nos anos seguintes.
No mesmo ano, Joenia Wapichana, foi eleita primeira mulher indígena a Deputada Federal, outro fator que colabora com o aumento de candidaturas.

Em 2020, mais de 2.000 candidaturas indígenas concorreram às eleições e 200 representantes foram eleitos — entre eles 10 prefeitos e 44 vereadoras.

 

Mulheres

O número de candidaturas indígenas femininas quase triplicou em duas eleições, passando de 29 em 2014 para 85 em 2022, segundo registro do sistema do TSE até o momento. Naquele ano, elas representavam 0,36% do total de 8.123 candidaturas femininas. Este ano, elas somam 0,88% do total de 9.597 mulheres candidatas e o aumento entre as indígenas é de 193%.

Das 30 candidaturas que compõem a Bancada Indígena a maioria é de mulheres, com 16 candidaturas.

 

Sobre a Apib

A Apib é uma instância de referência nacional do movimento indígena no Brasil, criada de baixo pra cima, que aglutina organizações regionais indígenas representantes das cinco regiões brasileiras. Nasceu com o propósito de fortalecer a união de povos indígenas, por meio da articulação entre as diferentes regiões e organizações indígenas de base, além de mobilizar os povos originários e a sociedade contra as ameaças e agressões aos direitos indígenas.

 

Conheça todas as candidaturas:
Total: 30
Federais: 12
Estadual: 18
Deputado(a) Federal

||| Coiab
1. Vanessa Xerente | TO | Foto [6]
2. Lucio Xavante | MT | Foto [7]
3. Joenia Wapichana | RR | Foto [8]
4. Ninawa Huni kuin | AC | Foto [9]
5. Maial Kaiapó | PA | Foto [10]
6. Almir Suruí | RO | Foto [11]
7. Vanda Witoto | AM | Foto [12]

||| Apoinme
8. Célia Xakriabá | MG | Foto [13]
9. Toninho Guarani | ES | Foto [14]

||| CGY e Arpinsul
10. Kerexu Yxapyry | SC | Foto [15]
11. Ivan Kaingang | PR | Foto [16]

||| Arpinsudeste
12. Sonia Guajajara | SP | fotos [17]

||| Aty Guasu
(SEM CANDIDATURAS PARA FEDERAL)

||| Conselho Terena
(SEM CANDIDATURAS PARA FEDERAL)

Deputado(a) Estadual

||| Coiab
1. Junior Manchineri | AC | Foto [18]
2. Maria Leonice Tupari | RO | Foto [19]
3. Robson Haritiana | TO | Foto [20]
4. Eliane Xunakalo | MT | Foto [21]
5. Simone Karipuna | AP | Foto [22]
6. Professora Edite | RR | Foto [23]
7. Aldenir Wapichana | RR | Foto [24]
8. Marcos Apurinã | AM | Foto [25]
9. Coletivo Guarnicê | Com Rosilene Guajajara | MA | Foto [26]

||| Apoinme
10. Juliana Jenipapo Kanindé (Cacica Irê) | CE | Foto [27]
11. Cacique Aruã Pataxó | BA | Foto [28]
12. Coletivo Indígena de Pernambuco | PE | Foto [29]
13. Lindomar Xoko | SE | Foto [30]

||| CGY
(SEM CANDIDATURAS PARA ESTADUAL)

||| Arpinsul
14. Kretã Kaingang | PR | Foto [31]
15. Professor Eloir | RS | Foto [32]

||| Arpinsudeste
16. Chirley Pankará | SP | Foto [33]
17. Coletivo ReExistência | SP | Foto [34]

||| Conselho Terena
18. Val Eloy | MS | Foto [35]

||| Aty Guasu
(SEM CANDIDATURAS PARA FEDERAL)

 

Serviço
Lançamento da Bancada Indígena
Data: 29 de agosto, segunda-feira
Contato para imprensa: [email protected]