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Nota de pesar pelo falecimento de Valdomiro Vergueiro, liderança Kaingang da Terra Indígena Morro do Osso, Porto Alegre/RS

Valdomiro Vergueiro era ex-cacique da Terra Indígena Morro do Osso. Foto: Cimi Regional Sul

Valdomiro Vergueiro era ex-cacique da Terra Indígena Morro do Osso. Foto: Cimi Regional Sul

O Conselho Indigenista Missionário, Regional Sul, vem a público expressar seu pesar pelo falecimento, na manhã de 29 de março, de Valdomiro Vergueiro, ex-cacique da Terra Indígena Morro o do Osso. Ele foi a óbito depois de ter contraído o vírus da Covid-19, no Hospital da Restinga, enquanto era atendido em função de outro problema de saúde.

Seu Miro, como era conhecido, lutava pela demarcação da Terra Morro do Osso -Tupé Pan – desde o ano de 2004. Ele, com sua comunidade, e em articulação com dezenas de outras famílias Kaingang, dedicaram-se incansavelmente pelo reconhecimento de um espaço territorial no Bairro Tristeza, em Porto Alegre – RS.

Seu Miro sempre se empenhou no sentido de ter assegurados os direitos indígenas específicos e diferenciados, especialmente aqueles relativos à assistência em saúde, educação, à demarcação da terra e as demais garantias constitucionais vinculadas a cultura, organização social, a religiosidade e ao modo de ser Kaingang.

Seu Miro desempenhou importante função como cacique e liderança indígena em contexto urbano, especialmente na promoção e realização de encontros de Kujá, líderes religiosos Kaingang, tendo em vista o fortalecimento cultural de seu Povo. Ele conseguiu, enquanto esteve bem de saúde, desenvolver as funções de líder comunitário e de articulador político junto as demais comunidades indígenas em suas reivindicações pelos direitos a terra e políticas públicas.  Não media esforços no sentido de articular as lutas indígenas com os outros movimentos sociais, populares, especialmente com as comunidades Quilombolas, atuando firmemente para a viabilização das Assembleias dos Povos.

A partir do ano de 2016, depois de sofrer um AVC, passou a ter comprometimento de saúde, mas, mesmo assim, manteve-se firme em seus propósitos de vida: a garantia da terra para sua comunidade e nas ações e mobilizações conjuntas pelo Bem Viver.

Seu Miro, enquanto pode, exerceu com firmeza o propósito de lutar pela garantia de seus espaços de vida, mesmo em contexto urbano, e exigiu reconhecimento, respeito e justiça para todas as comunidades e grupos sociais excluídos, aqueles caracterizados como os de baixo.

Seu Miro agora parte para a vida eterna, ao lado de Tupé e nós, que ainda permanecemos, seguiremos construindo caminhos de justiça, apesar das adversidades e da violência institucionaliza contra os mais pobres.

 

Porto Alegre, 29 de março de 2021

Conselho Indigenista Missionário – Cimi Regional Sul