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Dois massacres ainda sem respostas

Chiquitanos choram perda de seus familiares e exigem justiça Foto: CEDPH-MT e FDHT-MT

Chiquitanos choram perda de seus familiares e exigem justiça Foto: CEDPH-MT e FDHT-MT

Por Assessoria de Comunicação do Cimi

Na última semana, novas informações sobre dois massacres contra indígenas e ribeirinhos ocorridos no mês passado vieram à tona e geraram cobranças para que os crimes sejam investigados e os responsáveis, punidos.

Em comum a ambos os casos, além da brutalidade, das mortes e do acúmulo de violações, está o fato de que eles resultaram da ação de forças policiais dos estados do Amazonas e de Mato Grosso. É o que indicam as diversas denúncias e relatos colhidos junto a testemunhas e familiares das vítimas.

No Amazonas, policiais militares são acusados de matar [1] pelo menos cinco ribeirinhos e um indígena Munduruku após conflitos envolvendo uma lancha que, sem autorização das comunidades, praticava ilegalmente a pesca esportiva na região do rio Abacaxis, entre os municípios de Nova Olinda do Norte e Borba.

As averiguações de diversas organizações, entre elas o Cimi, indicam a prática de “execuções, torturas, prisões ilegais, perseguições e destruição de patrimônio” pelos policiais.

O outro caso ocorreu na região de fronteira entre o Brasil e a Bolívia, área de ocupação tradicional do povo Chiquitano. Em 11 de agosto, conforme as denúncias, quatro indígenas que haviam saído para uma caçada foram mortos [2] por agentes do Grupo Especial de Fronteira de Mato Grosso.

Os Chiquitanos denunciam, ainda, que os corpos das vítimas – assassinadas em território brasileiro – apresentavam sinais de tortura.

Enquanto as organizações da sociedade civil cobram a investigação dos casos e a proteção dos sobreviventes, o povo Chiquitano e as comunidades e aldeias do rio Abacaxis enfrentam a dor, o medo e o descaso. E esperam por justiça.

Este texto foi publicado originalmente no boletim O Mundo que nos Rodeia, enviado semanalmente por email. Para receber o boletim, inscreva-se aqui [3].

Outra morte ocorrida na última semana provocou tristeza e consternação entre os apoiadores da causa indígena: o indigenista Rieli Franciscato morreu após ser flechado por indígenas isolados que apareceram mais uma vez na zona rural de Seringueiras, em Rondônia.

Com três décadas de experiência na Funai e uma vida dedicada à defesa dos povos em isolamento voluntário, Rieli buscava evitar um conflito entre isolados e não indígenas.

A reação desesperada dos indígenas, que lamentavelmente vitimou Rieli, expõe a vulnerabilidade destes povos frente à “constante invasão dos seus territórios e a criminosa omissão do Estado”, denuncia o Cimi [4].

Saiba mais sobre os casos do Rio Abacaxis e do povo Chiquitano: