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Remdipe lança campanha, monitora terras indígenas em PE e registra primeira morte pela covid-19: um indígena Fulni-ô

Indígenas realizaram na Serra do Ororubá, em Pernambuco, a 19ª Assembleia Xukuru de Ororubá. Foto: Meyriane de Mira/Mídia Ninja

Indígenas realizaram na Serra do Ororubá, em Pernambuco, a 19ª Assembleia Xukuru de Ororubá. Foto: Meyriane de Mira/Mídia Ninja

Temos acompanhado, a partir das nossas casas, a materialização da pandemia em nosso estado, Pernambuco. Os dois primeiros casos positivos para covid-19 foram confirmados no dia 12 de março deste ano. As semanas seguintes nos atestaram o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) vinha indicando: a velocidade e capacidade de devastação do coronavírus. Em menos de um mês, no dia 25, foi registrada a primeira morte, na capital pernambucana. Hoje, quase dois meses depois, já são 7.334 casos e 603 óbitos, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco de 01/05.

Nesse tempo também acompanhamos de forma alarmada sua chegada nas áreas indígenas pelo Brasil e, infelizmente, as primeiras mortes. Já são 103 casos confirmamos e 17 óbitos, segundo dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).

No nosso estado, na segunda quinzena de abril começaram a se multiplicar os casos da covid-19 nos municípios em que as terras indígenas estão inseridas. O vírus saiu da capital e seguiu para o interior, tendo como principal rota a BR 232, que dá acesso para cidades de médio porte no nosso estado. Daí seguiu para os municípios menores.

Nesse percurso chegou às aldeias, tendo o primeiro óbito ocorrido com um indígena Fulni-ô, no dia 23/04, confirmado positivo para covid-19 apenas no dia 01/05, segundo a Secretaria de Saúde de Águas Belas. Há ainda mais três casos confirmados pela Sesai no estado: um Pankararu e dois Atikum. Por fim, os indígenas ainda contabilizaram mais uma jovem Xukuru, que está com suspeita.

Para combater a chegada da covid-19 em seus territórios os povos indígenas criaram barreiras sanitárias nas vias de acesso às aldeias antes mesmo dos primeiros casos confirmados. Há, entretanto, uma série de entraves para a manutenção das mesmas, que vão desde o elevado número de vias de acesso ao território e a proximidade dos centros urbanos, até a falta de itens de higiene pessoal (álcool em gel, álcool 70º- e sabão) e de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s).

Objetivos da iniciativa

A Rede de Monitoramento de Direitos Indígenas em Pernambuco (Remdipe), com a presente iniciativa, se junta aos inúmeros grupos que têm surgido, no intuito de criar redes de solidariedade no combate e prevenção à disseminação da covid-19 nos povos indígenas em todo o Brasil.

Esta rede de solidariedade se inicia propondo duas principais ações.

A primeira é visibilizar a situação das terras indígenas de Pernambuco em tempos da pandemia, por meio de ações educativas e informativas e da realização de um diagnóstico sobre as diferentes situações locais dos territórios, suas demandas e necessidades, para combater a propagação do vírus.

A segunda ação é apoiar nas campanhas de levantamento de recursos financeiros promovidas pelas organizações indígenas com o intuito de arrecadar Equipamentos de Proteção Individual, itens de higienização, alimentos, entre outras coisas, para garantir o bem viver das famílias indígenas enquanto durar a quarentena.

A campanha de arrecadação, junto com a nossa rede, é promovida pela: Comissão de Professores/as Indígenas em Pernambuco (Copipe), Comissão de Juventude Indígena em Pernambuco (Cojipe e Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme).

Convidamos todos a se juntarem nesse coletivo de apoio à causa indígena, que propaga informações afim de sensibilizar o poder público e divulgar ações colaborativas de recursos, na qual em tempos que a solidariedade é um meio urgente para prover ajuda básica.

Saiba mais: https://www.indigenascontracovidpe.com/ [1]