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Indígenas Tembé reafirmam luta por direitos em conferência local de Saúde Indígena

Fotos: Alan Tembé

Por Alan Tembé

Indígenas da etnia Tembé realizaram, entre os dias 12 a 15 de novembro, na Terra Indígena (TI) Alto Rio Guamá, no Pará, a 6ª Conferencia de Saúde Indígena local, com o tema “Atenção Diferenciada, Vida e Saúde nas Comunidades Indígenas”. Ocorrido na Aldeia São Pedro, este momento contou com a participação de indígenas Tembé de outras regiões, como Tembé de Santa Maria do Pará, Santa Luzia, Capitão Poço e Tomé-Açú, que se deslocaram de suas bases para discutir e propor demandas referentes às suas aldeias.

A conferencia trazia consigo sete eixos e sub-eixos temáticos para serem discutido em sete grupos, mais nós Tembé Tenetehara mudamos a metodologia e nos reunimos em quatro grupos, onde todos do grupo tiveram a oportunidade de se debruçar sobre os eixos temáticos e lançar suas propostas contundentes, garantido o respeito e a dignidade de cada povo.

Várias reclamações foram feitas, como falta de combustível nos carros, o contingente de carros tem que ser mantido, e que a nova empresa Ovidio compareça na Conferência Distrital em Belém (PA), não aceitamos a retirada da SPDM do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Guamá Tocantins, pois é uma empresa que sempre prestou serviços de qualidade e sempre nos ouviu,
Hoje os recursos do Dsei Guamá Tocantins (Guatoc) continuam os mesmos. A demanda por atendimento triplicou e o orçamento não, hoje o Dsei Guatoc tem uma demanda de 17 mil indígenas. Com a entrada dos indígenas de Santarém, não temos como atender pois não tem recurso suficiente para todos. Solicitamos que o ministério da Saúde, juntamente com a Sesai, crie o Distrito Sanitario Especial Indígena de Santarém, pois os nove polos do Dsei Guatoc estão sendo penalizados, tirando recursos do teto do distrito para atender os demais indígenas de Santarém, que não têm cobertura geográfica do Guamá Tocantins para atendê-los.

“Na conferência, reafirmamos que lutaremos para a manutenção dos direitos originários dos povos das florestas”

Os indígenas Tembé de Santa Maria do Pará fazem parte da região Guatoc, mas até hoje não foram incluídos no Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI), nunca tiveram polo ou posto de saúde indígenas e desde 2004 aguardam por esse momento. Hoje, as aldeia Jeju e Areal, nesta região, somam juntas 500 indígenas.

Na conferência, reafirmamos que lutaremos para a manutenção dos direitos originários dos povos das florestas, continuaremos lutando por saúde diferenciada e não aceitaremos de forma alguma que a nossa saúde seja municipalizada. Seguiremos lutando pela demarcações dos territórios tradicionais e por todos os direitos garantidos na Constituição de 1988, pois nossos direitos estão sendo ameaçados por esse novo governo que se aproxima. Os dias são sombrios, repudiamos o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, que vem repetidamente se manifestando contrário à demarcação dos territórios indígenas, essas atitudes atingem a tradicionalidade dos povos originários do Brasil.

“Avançar sem recuar”
“Resistimos para existir”