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Confronto entre índios e madeireiros termina em morte

 


Madeireiros invadem aldeia no Maranhão, matam um indígena e deixam dois baleados


 


 


Por volta das seis horas da manhã do dia 15 de outubro de 2007, um grupo de aproximadamente quinze homens armados, três deles encapuzados, invadiram a aldeia Lagoa Comprida, na Terra Indígena Araribóia no centro-oeste do estado do Maranhão, município de Amarante. Mataram Tomé Guajajara, de 60 anos e deixaram dois baleados: Madalena Paulino Guajajara, baleada no tórax e Antônio Paulino Guajajara, com um tiro no braço direito.


 


Segundo informações do Chefe de Posto da Funai na área, os invasores chegaram atirando contra os indígenas, colocaram os mesmos num campo de futebol e os ameaçavam atirando para cima.


 


A ação foi uma represália dos madeireiros contra os indígenas, que no início do mês de setembro, prenderam um caminhão madeireiro que transitava dentro da terra indígena. Na mesma semana os madeireiros procuraram os indígenas e tentaram recuperar o caminhão oferecendo mil reais, os indígenas se recusaram a negociar e comunicaram o fato à Funai. Mesmo sabendo da apreensão do caminhão pelos indígenas e do risco de conflito que isso representava a Funai deixou que passasse mais de um mês sem que nenhuma providência fosse tomada.


 


Já é antiga a situação de conflito entre indígenas e madeireiros na Terra Indígena Araribóia. Desde o início da década de oitenta essa terra sofre com a invasão e exploração madeireira. Segundo informações dos indígenas da Aldeia Lagoa Comprida, no ano de 2002 o indígena Kelé Apolinário de 55 anos, morador da Aldeia Abraão, localizada na mesma terra indígena foi encontrado morto dentro da mata. Tudo indica que foi em decorrência da ação de madeireiros, mas o caso nunca foi investigado. Na mesma terra, indígenas do Povo Awá Guajá sofrem com a exploração madeireira. No ano de 2003 o corpo de um indígena desse povo foi encontrado na mata. Ao que tudo indica, ele teria morrido de sede já que as fontes de água da região estão secando em função do desmatamento.


 


De acordo com informações do Ministério Público Federal em Imperatriz uma equipe da Polícia Federal com 12 policiais está se dirigindo ao local para apurar os fatos e tomar as providências necessárias. Há também informação de que dois dos invasores teriam sido baleados e que um veio a óbito, mas essa informação ainda não foi confirmada. Os dois indígenas baleados já estão sendo atendidos e não correm risco de morte.


 


 


Imperatriz, 16 de outubro de 2007.


Cimi – Regional Maranhão