Esta terra sempre teve dono
Cerca de 200 índios Tupinambá de Olivença retomaram em 19 de fevereiro de 2006 a fazendeira Limoeiro, de cerca de 700 hectares. A área retomada fica a cerca de 40 km da sede do município de Olivença, sendo um local de difícil acesso. A situação até a manhã de hoje (20/02) tem sido tranqüila. Não houve resistência do fazendeiro e algumas famílias de trabalhadores que se encontravam no local saíram de forma pacífica. A fazenda Limoeiro produz cacau e seringa e já foi alvo de ocupação por trabalhadores rurais da região, sendo mas o Incra não a desapropriou pelo fato de ter sido externada reivindicação dos Tupinambá e da Funai em relação às terras.
Cansados de esperar a morosidade da Funai, os Tupinambá estão identificando e retomando o seu território.
Os Tupinambá no sul da Bahia eram conhecidos como “Caboclos de Olivença” até a década de 90, quando reiniciaram a luta pelo reconhecimento étnico e territorial. Em 2000, foram muitos bem recepcionados na Conferencia Indígena em Coroa Vermelha, o que lhes deus muita força e animação na luta. Em 2004 a Funai cria um Grupo Técnico para a identificação do território. Os antropólogos Suzana Viegas e Jorge de Paula são os encarregados pelo relatório, que é entregue à Funai em Brasília em 2005, sendo que até o momento os índios não tiveram acesso ao trabalho. Já forma feitas diversas visitas a Brasília para a conclusão e a devolução do relatório, sem que a situação seja alterada.
Atualmente, os cerca de 3000 Tupinambá de Olivença vivem em pequenas glebas de terra, nos município de Ilhéus, Una e Buerarema. Para sobreviver, trabalham “na diária” para os fazendeiros de cacau, seringa, piaçava e gado e de pequenos serviços nas periferias das cidades de Ilhéus e Una. Estão divididos em três grandes regiões: Os Acuípes, onde o cacique é Alicio Amaral; Olivença, tendo como cacique Valdelice Amaral e na Serra do Padeiro, onde o cacique chama-se Rosivaldo.
Os Tupinambá, hoje participam ativamente do Movimento Indígena Regional, estando presentes em todas as mobilizações dos povos indígenas do Sul e Extremo sul da Bahia, lutando por terra, políticas públicas diferenciadas e pela garantia dos direitos indígenas em geral.
Ao comunicar a ação de retomada neste dia 19, solicitam a ajuda e solidariedade todos os parentes e aliados nesta luta pela sua sobrevivência física e cultural do povo Tupinambá no sul da Bahia, e reafirmam ESTA TERRA SEMPRE TEVE DONO – Os Tupinambá.