Nós, mais de setecentos índios Kaiowá Guarani reunidos na Aty Guasu na aldeia Tey’Ikue no município de Caarapó, no primeiro dia do nosso Encontro, ouvimos com indignação e revolta , como foi a violência contra nossos parentes do Sombrerito, quando foi assassinado Dorival Benites e outros foram feridos e torturados. O relato foi feito por um dos nossos irmãos que foi espancado, difamado e ameaçado de morte pelos pistoleiros e fazendeiros.
No final desse mesmo dia 12 de julho recebemos mais uma punhalada com a decisão do juiz federal Gilberto Mendes Sobrinho, de Naviraí-MS, de expulsão dos nossos parentes do tekoha Sombrerito. No dia 08/07 já havíamos sido atingidos pela decisão do Superior Tribunal Federal (STF), suspendendo a portaria demarcatória de Yvy Katu
Já estamos cansados de tanto ver nossos direitos desrespeitados e sofrer todo tipo de violência e humilhação. Diante de mais essa decisão contra o sagrado direito do nosso povo à terra, para poder viver em paz e com dignidade, exigimos:
1. Que o Ministério Público Federal e a Funai recorram da decisão judicial de expulsão dos nossos parentes do Sombrerito;
2. Que seja convocada uma reunião ampla com representantes do governo federal, estadual e Ministério Público para fazer um acordo que garanta a permanência dos nossos parentes no Sombrerito enquanto continua o processo de regularização da terra;
3. Que a Funai conclua logo o que está faltando para a publicação do relatório de reconhecimento dessa terra e siga os prazos do decreto 1775;
4. Que a Funai e a Funasa dêem toda a assistência necessária e a que tem direito à comunidade indígena do Sombrerito;
5. Que haja empenho para na retomada do processo de demarcação da Terra Indígena Yvy Katu.
Queremos que esse nosso grito contra a violência e pelo reconhecimento dos nossos direitos chegue às pessoas de bem em todo o Brasil e em todas as partes do mundo, pois precisamos de muita força e muitos amigos para que acabem tantos sofrimentos, mortes de crianças de fome e desnutrição e nossas lideranças sendo assassinadas. E isso só vai acontecer quando tivermos nossas terras reconhecidas para podermos nelas viver, produzir nossos alimentos e viver em paz nosso modo de viver Kaiowá Guarani.
Aldeia Tey’Ikue, 13 de julho de 2005.
Participantes da Aty Guasu